sábado, 6 de setembro de 2025

O Fenómeno do Seguidismo na Esfera Pública

O "seguidismo", no contexto que descreves, refere-se à adesão acrítica a ideias, narrativas ou discursos dominantes, muitas vezes impulsionada por um espírito de imitação em vez de uma análise independente e crítica. Este fenómeno é particularmente visível em ambientes onde a informação circula rapidamente e a pressão para alinhar com certas posições é forte, seja por conveniência política, editorial ou social.
A Reprodução de Narrativas e a Diluição do Espírito Crítico
Quando uma figura pública de influência, como Alexandra Leitão no exemplo que apresentaste, emite uma declaração específica – "não vai pedir a demissão de Carlos Moedas" e que o "grande erro de Moedas é uma conferência de imprensa sem direito a perguntas" – e essa declaração é subsequentemente adotada e replicada de forma quase literal por órgãos de comunicação social ou comentadores, estamos perante um exemplo de seguidismo.
Esta replicação pode ocorrer por diversas razões:
* **Validação da Fonte:** A credibilidade da fonte original (neste caso, uma figura política proeminente) pode levar à aceitação e disseminação das suas ideias sem uma análise aprofundada.
* **Alinhamento Editorial:** Certos meios de comunicação podem ter um alinhamento editorial que favorece a amplificação de determinadas narrativas políticas, negligenciando perspetivas alternativas ou críticas.
* **Pressão do Ciclo de Notícias:** No ritmo acelerado das notícias, há uma tendência para os meios de comunicação e comentadores replicarem rapidamente as declarações de figuras influentes, por vezes sem o tempo ou os recursos para um exame mais aprofundado.
* **Evitar a Controvérsia:** Seguir a linha de pensamento estabelecida pode ser uma forma de evitar a controvérsia ou o confronto, especialmente em tópicos sensíveis.
O perigo inerente a este seguidismo reside na erosão do espírito crítico. Quando a imitação prevalece sobre a análise independente, a pluralidade de opiniões é comprometida, e o público é exposto a uma visão unilateral ou enviesada dos acontecimentos. A função primordial da imprensa e dos comentadores, que é a de questionar, analisar e contextualizar, é diminuída, transformando-os em meros repetidores de discursos pré-fabricados.
Implicações para o Debate Público
Este tipo de comportamento tem implicações significativas para a qualidade do debate público. Impede uma discussão robusta e multifacetada, essencial para uma democracia saudável. Em vez de encorajar os cidadãos a formarem as suas próprias opiniões com base em diversas perspetivas, o seguidismo pode levar à conformidade e à aceitação passiva de narrativas, dificultando a distinção entre factos, opiniões e propaganda.
"Quais são os mecanismos psicológicos e sociais que contribuem para a disseminação do seguidismo em sociedades democráticas?", aborda a complexidade subjacente a este fenómeno. O seguidismo não é meramente uma escolha consciente, mas sim o resultado de uma interação de fatores psicológicos e pressões sociais que moldam a forma como os indivíduos processam e reagem à informação e às opiniões alheias.
Mecanismos Psicológicos e Sociais do Seguidismo
A disseminação do seguidismo em sociedades democráticas pode ser explicada por vários mecanismos interligados:
1. Conformidade Social
A conformidade é um dos pilares do seguidismo. Os indivíduos sentem uma forte pressão para se alinharem com as normas, crenças e comportamentos do grupo a que pertencem ou com o qual se identificam. Esta pressão pode ser de dois tipos:
Conformidade Normativa: O desejo de ser aceite e evitar a rejeição social. As pessoas adaptam as suas opiniões para se encaixarem, mesmo que internamente discordem, para manter a harmonia e o status social.
Conformidade Informativa: O desejo de estar correto. Em situações ambíguas ou quando não têm conhecimento suficiente, os indivíduos procuram os outros (especialmente aqueles percebidos como especialistas ou maioria) como fonte de informação válida, assumindo que as opiniões da maioria são as corretas.
Em ambientes democráticos, onde a opinião pública e o consenso são valorizados, a conformidade pode levar à supressão de opiniões divergentes e à adoção passiva de narrativas dominantes.
2. Prova Social (Social Proof)
Este mecanismo está intimamente ligado à conformidade informativa. Quando não temos a certeza de como agir ou pensar, tendemos a olhar para o que os outros estão a fazer e a assumir que essa é a ação ou crença correta. Se muitos jornalistas, comentadores ou figuras políticas proeminentes adotam uma certa perspetiva, os indivíduos podem ser levados a crer que essa perspetiva é a mais razoável ou verdadeira, sem a submeterem a um exame crítico. É o "efeito rebanho" em ação, onde a popularidade de uma ideia é confundida com a sua validade.
3. Viés de Confirmação (Confirmation Bias)
Os indivíduos tendem a procurar, interpretar e recordar informações de uma forma que confirma as suas crenças ou preconceitos preexistentes. Se uma pessoa já tem uma inclinação para apoiar um certo partido político ou uma ideologia, será mais recetiva a notícias e comentários que validem essa inclinação e mais cética em relação a informações que a contradigam. O seguidismo é reforçado quando as narrativas dominantes se alinham com os enviesamentos de confirmação de uma grande parte da população.
4. Pensamento de Grupo (Groupthink)
O pensamento de grupo ocorre em grupos coesos onde o desejo de harmonia ou conformidade no grupo resulta numa tomada de decisão irracional ou disfuncional. Os membros do grupo minimizam o conflito e alcançam uma decisão de consenso sem uma avaliação crítica das ideias ou uma consideração de alternativas. Em contextos mediáticos ou políticos, isto pode manifestar-se quando editores, comentadores ou políticos de um mesmo espectro evitam desafiar a "linha" estabelecida, levando a uma monocultura de pensamento.
5. Heurísticas e Atalhos Cognitivos
O cérebro humano está constantemente a processar uma quantidade avassaladora de informação. Para lidar com isso, usamos atalhos mentais (heurísticas) que nos permitem tomar decisões e formar opiniões rapidamente, mas que também podem levar a erros sistemáticos. Por exemplo, a heurística da disponibilidade leva-nos a superestimar a probabilidade de eventos ou a validade de ideias que são mais facilmente recordadas ou que são mais frequentemente noticiadas. Se uma narrativa é constantemente repetida, torna-se "disponível" e é mais facilmente aceite.
6. Autoridade e Credibilidade Percebida
Tendemos a dar mais peso às opiniões de figuras que percebemos como autoridades ou especialistas. Se uma figura política com um historial de credibilidade ou um comentador respeitado expressa uma opinião, é mais provável que essa opinião seja aceite e replicada sem um escrutínio rigoroso. A aura de autoridade pode inibir o questionamento crítico, mesmo quando a lógica da afirmação é falha ou enviesada.

Estes mecanismos, operando em conjunto, criam um terreno fértil para o seguidismo, onde a imitação e a adesão acrítica a ideias prevalecem sobre a análise independente, comprometendo a vitalidade do debate democrático.

"Que medidas podem os órgãos de comunicação social e os comentadores adotar para promover uma análise mais independente e plural, contrariando a tendência para o seguidismo?", é crucial para mitigar os efeitos deste fenómeno e fortalecer o debate público. A responsabilidade dos meios de comunicação e dos comentadores é fundamental neste processo.

terça-feira, 2 de setembro de 2025

Impacto da Ascensão do Partido CHEGA no Panorama Político Português

A ascensão do CHEGA representa uma mudança significativa no panorama político português, que tradicionalmente foi dominado por um bipartidarismo entre o Partido Socialista (PS) e o Partido Social Democrata (PSD). O impacto desta ascensão, a meu ver, pode ser analisado em várias vertentes:
- Quebra do Bipartidarismo:
A principal consequência é a erosão do modelo bipartidário. A presença de uma terceira força política robusta no parlamento, com uma representação significativa, dificulta a formação de maiorias absolutas e obriga os partidos tradicionais a procurar novos equilíbrios e alianças.
- Polarização do Debate Político:
O CHEGA trouxe para o centro do debate temas que antes estavam nas margens, como a imigração, a segurança, a justiça e a corrupção, com abordagens muitas vezes radicais e polarizadoras. Isto força os outros partidos a posicionarem-se sobre estas questões, contribuindo para uma maior clivagem ideológica.
- Influência na Agenda Política:
Mesmo sem fazer parte do governo, a dimensão do CHEGA no parlamento confere-lhe uma capacidade de influência na agenda legislativa e no debate público, pressionando os partidos do centro a adotar algumas das suas preocupações ou a reformular as suas próprias propostas para não perderem eleitorado.
- Dificuldade na Formação de Governos (o “não” é não”!):
A fragmentação parlamentar resultante da ascensão de novos partidos torna mais complexa a formação de governos estáveis, podendo levar a soluções de governo minoritárias ou a coligações mais amplas e, por vezes, menos coesas.
- Desconfiança nas Instituições:
O discurso antissistema e de desconfiança nas instituições, uma marca de partidos populistas, pôde contribuir para um aumento da desilusão cívica e para uma menor participação eleitoral, ou, paradoxalmente, para uma maior mobilização de eleitores insatisfeitos.
Em suma
a emergência do PARTIDO CHEGA alterou profundamente a dinâmica política portuguesa, desafiando as lógicas estabelecidas e introduzindo novos desafios para a governabilidade e a representação democrática.

segunda-feira, 11 de agosto de 2025

autarcas de saida ...

Do total de presidentes em final de mandato, 54 são socialistas, 30 do PSD (sozinho ou coligado), 12 do PCP-PEV (de um total de 19 câmaras desta coligação), três do CDS-PP (de seis municípios), um é o único presidente do Juntos Pelo Povo (JPP), Filipe Sousa, autarca em Santa Cruz, na Madeira, e cinco são independentes, entre os quais Rui Moreira, que está de saída da presidência da Câmara do Porto.

Nas principais autarquias do país, o PSD precisa de encontrar um candidato que substitua Carlos Carreiras em Cascais (no distrito de Lisboa), Ricardo Rio em Braga, Rogério Bacalhau em Faro e Ricardo Gonçalves em Santarém, autarca que nos últimos dias foi apontado para dirigir o Instituto Português do Desporto e Juventude, com o próprio a confirmar o convite, embora ainda sem uma decisão oficial.

O PSD tem ainda de encontrar um sucessor para José Ribau Esteves, com três mandatos à frente de Aveiro, depois de já anteriormente ter cumprido o limite de mandatos na Câmara de Ílhavo (entre 1997 e 2013).

Entre outros, o PS tem em fim de mandato Basílio Horta em Sintra (Lisboa), Eduardo Vítor Rodrigues em Vila Nova de Gaia (Porto) e Rui Santos em Vila Real.

A CDU (PCP-PEV) terá de arranjar sucessores para os presidentes de Cuba (Beja), Arraiolos (Évora), Évora, Sobral de Monte Agraço (Lisboa), Avis e Monforte (Portalegre), Benavente (Santarém), Grândola, Palmela, Santiago do Cacém e Alcácer do Sal (Setúbal) e Silves, no Algarve, onde em 2013 Rosa Palma retirou a câmara ao PSD.

Vítor Proença, o comunista à frente de Alcácer do Sal desde 2013, tinha anteriormente cumprido o limite de mandatos como presidente da Câmara de Santiago do Cacém, enquanto Carlos Pinto de Sá, outro ‘dinossauro’ do PCP, não se pode recandidatar a Évora pelos mesmos motivos, mas já anteriormente tinha sido presidente de Montemor-o-Novo (Évora), entre 1993 e 2013.

O CDS-PP, que sozinho tem atualmente a presidência de seis câmaras municipais, vai ter de encontrar substitutos para três: António Loureiro e Santos, de Albergaria-a-Velha, e José Pinheiro e Silva, de Vale de Cambra, ambos no distrito de Aveiro, e Luís Silveira, presidente da Câmara de Velas, nos Açores.

Além de Rui Moreira, no Porto, há ainda outros quatro municípios que estão a ser dirigidos por movimentos independentes e que terão de mudar de presidente: Maria Teresa Belém, em Anadia (Aveiro), António Anselmo, autarca em Borba (Évora), Décio Natálio Pereira, na Calheta (Açores), e o madeirense Ricardo Nascimento, eleito pelo movimento Ribeira Brava em Primeiro, embora com o apoio do PSD.

Há distritos onde as mudanças de presidentes têm de ocorrer na maioria dos concelhos, com destaque para Castelo Branco, onde sete dos atuais 11 presidentes de câmara estão em fim de ciclo (Fernando Jorge, autarca de Oleiros em terceiro mandato, já tinha renunciado em maio de 2023 por motivos de saúde), e para a Madeira, onde ainda têm de sair seis do total de 10 autarcas (o presidente de Câmara de Lobos, Pedro Correia, estava no terceiro mandato e já saiu por ter sido eleito deputado).

Onze municípios mudam de presidente em Santarém (sete do PS, três do PSD e um do PCP-PEV), nove no Porto (cinco do PS, três do PSD e o independente Rui Moreira), oito em Viseu (cinco socialistas e três do PSD), sete em Portalegre (três do PS, dois do PSD e dois do PCP) e outros sete nos Açores (quatro do PS, um do PSD, um do CDS-PP e outro independente).

No distrito de Aveiro estão de saída seis autarcas (três do PSD, dois do CDS-PP e uma independente), em Coimbra outros seis (todos socialistas) e ainda mais meia dúzia em Lisboa (três do PS, dois do PSD e um da CDU).

Braga tem cinco autarcas em final de ciclo (quatro social-democratas e um socialista) e em Faro outros cinco (três socialistas, um do PSD e uma do PCP).

Com quatro autarcas no limite estão Évora (dois são do PCP, um do PS e o independente de Borba), Guarda (dois PSD e dois PS) e Setúbal (três do PCP-PEV e o socialista de Sines, Nuno Mascarenhas, envolvido na operação Influencer).

Em Viana do Castelo há três autarcas que não se podem recandidatar (dois socialistas e um social-democrata), em Vila Real outros três (dois do PS e um do PSD) e em Leiria está nesta situação apenas José Abreu (PS), de Figueiró dos Vinhos.

Bragança é o único distrito sem presidentes em final de ciclo, depois da saída dos três autarcas que tinha nestas condições.

Dos eleitos para um terceiro mandato em 2021, já saíram por diversos motivos pelo menos 28 presidentes, muitos dos quais na sequência das últimas eleições legislativas e europeias.
Em Aveiro foram eleitos deputados do PSD os então presidentes de Vagos, Santa Maria da Feira e Ovar, além dos autarcas de Valpaços e Vila Pouca de Aguiar (Vila Real) e de Moncorvo (Bragança).
Também são agora deputados os autarcas socialistas de Arruda dos Vinhos (Lisboa), de Vendas Novas (Évora) e da Nazaré (Leiria).
Quando estava no terceiro mandato na Câmara de Bragança, Hernâni Dias foi eleito deputado e é atualmente secretário de Estado do Poder Local, e Rui Ladeira, presidente de Vouzela, é agora secretário de Estado das Florestas.
Nas europeias, Hélder Sousa (PSD), Carla Tavares (PS) e Isilda Gomes (PS) foram eleitos eurodeputados e deixaram a presidência das câmaras de Mafra e Amadora (Lisboa) e Portimão, respetivamente.
Outros autarcas deixaram os cargos para dirigir outras entidades: Raul Almeida já tinha deixado a câmara social-democrata de Mira (Coimbra) para presidir ao Turismo do Centro, Nuno Canta (PS) deixou a Câmara do Montijo para dirigir a AMARSUL e mais recentemente, António Martins, que era presidente de Vimioso, suspendeu o seu terceiro mandato para dirigir a Segurança Social de Bragança.

sábado, 5 de julho de 2025

Quando a Direita Deixa de Pedir Desculpa

Esta entrevista com Riccardo Marchi, recentemente divulgada no podcast Trocar uma Ideia, oferece-nos uma oportunidade rara: a de observar as direitas europeias – e em particular o fenómeno Chega – sob o olhar de um académico que não parte do princípio de que são uma aberração a ser extirpada da vida democrática, mas antes uma realidade política que deve ser estudada com rigor.

Marchi não surge como ideólogo ou militante, mas como um analista que acompanha há décadas a evolução das direitas radicais. Chegou a Portugal em 1998, quando falar de “extrema-direita” era quase uma excentricidade académica. Hoje, essa realidade é incontornável. Em Portugal, o Chega passou de partido marginal a segunda força política, e quem não entender as causas dessa ascensão, limitar-se-á a repetir chavões do jornalismo activista: “populismo”, “protesto”, “perigo para a democracia”.

A entrevista é clara ao distinguir duas coisas: a direita tradicional, domesticada pela hegemonia cultural da esquerda, e as novas direitas radicais, que rejeitam esse complexo de culpa. Estas novas direitas não se contentam em gerir o que a esquerda construiu: querem desmontar, reconstruir, recentrar a soberania, a identidade e a ordem.
O caso português tem, contudo, características próprias. O Chega mistura elementos do populismo latino com uma retórica anti-sistema semelhante à de outros partidos europeus, mas mantém uma identidade cultural marcadamente portuguesa: fado, Ultramar, Deus, Pátria e Família. É precisamente por isso que cresce – porque fala ao povo português na sua própria linguagem, e não na linguagem importada dos manuais do progressismo global.

Riccardo Marchi analisa ainda os efeitos da geopolítica: o posicionamento pró-americano das novas direitas, a resposta à guerra cultural e civilizacional movida desde certos sectores globalistas, a instrumentalização da imigração (tanto pela esquerda como pela direita), e o papel tóxico do jornalismo e das redes sociais no enviesamento do debate público.

Hoje, há em curso uma guerra sem armas entre dois modelos de sociedade: o da engenharia social imposta por cima, e o da identidade comunitária que resiste de baixo para cima. As novas direitas, como o Chega, representam esta segunda via. E não será com rótulos preguiçosos, mas com argumentos sérios, que se poderão confrontar ou compreender.

O fenómeno Chega não é apenas “voto de protesto”. É, cada vez mais, voto de adesão. Um voto que nasce do cansaço com o politicamente correcto, da repulsa pela arrogância das elites mediáticas, e da necessidade de restaurar um certo bom senso nacional.

A entrevista termina com temas que devem preocupar qualquer democrata verdadeiro: a cultura do cancelamento, a censura implícita do debate, a erosão da saúde mental dos jovens por algoritmos manipuladores, e a destruição da confiança na imprensa. Marchi propõe, como resposta, um jornalismo local, explicador, próximo das pessoas. Pode parecer pouco, mas talvez seja um princípio de solução para um sistema informativo hoje completamente colonizado por ideologia e interesses.

Mais do que nunca, é preciso estudar e compreender. Mas também é preciso escolher um lado. E a direita, quando deixa de pedir desculpa, torna-se finalmente audível.

quarta-feira, 30 de abril de 2025

Exemplo simulado de entrevista provocatória a um porta-voz do CHEGA

Exemplo simulado de entrevista provocatória a um porta-voz do CHEGA, pex., com perguntas típicas de jornalista hostil e respostas estrategicamente preparadas, combinando assertividade, factos e inteligência retórica 
que cumprem quatro funções:
-Neutralizar o ataque sem fugir da pergunta  
- Reformular tema com  vantagem estratégica
-Comunicar com o eleitorado, não com o entrevistador
-Deixar uma frase-mensagem clara e replicável nas redes sociais

quarta-feira, 6 de novembro de 2024

lembram-se do Norberto?

eu sei que não se lembram por isso aqui vai:
Que a eleição Trump (por quem a extrema-direita, portuguesa e internacional suspiram) vai ser um problema bicudo para a Europa, depois de ser para os EUA, também, é certo e sabido. Eleger um troglodita desses, por quem Putin reza para ser eleito, é um desastre para o Mudo livre e democrático.

sábado, 2 de novembro de 2024

"Os Invisiveis" ou a "realidade desfocada" que nos mostram

Dia 1, foi dia de Todos os Santos, dia em que lembramos os santos visíveis, mas sobretudo os invisíveis – os muitos que passaram por esta vida fazendo discreta e anonimamente o bem sem que a História, a Hagiografia ou esta nossa “realidade desfocada” os reconhecesse e os nomeasse.
Helena Matos muito justamente, a expressão “realidade desfocada” – ou mais precisamente “a demagogia desta realidade desfocada que estamos a viver” – a propósito de vítimas invisíveis ou que a demagogia torna invisíveis por estarem do lado errado da História. E lembrou Tiago, o motorista do autocarro incendiado em Loures.
Tem havido nestes dias, por cá, muitos “invisíveis”, vítimas de uma estranha conspiração de silêncio em que por equivocada estratégia de pacificação, alinhamento ideológico ou maniqueísmo fundamentalista, têm entrado os que têm o dever de nos informar.
O motorista do autocarro incendiado, os passageiros esfaqueados, os donos dos carros queimados são quase tão invisíveis e silenciados como os “jovens encapuzados” ou como os atiradores dos cocktails molotov que vão causando os distúrbios como que vindos do nada. Parece que há vítimas boas e vítimas más, carrascos bons e carrascos maus, conforme a causa, a ideologia, a etiqueta que se lhes vai colando.
É assim a narrativa quotidiana desta nossa “realidade desfocada” que tende a obedecer ao dogmatismo instalado, multiplicando as vítimas dos “maus” e ocultando as vítimas dos “bons”.
Os invisíveis da História
Há sempre dois (ou mais) lados na História, mas, entre nós, tem havido um lado com vítimas mais invisíveis. Tem sido assim desde o passado longínquo: os católicos e a Inquisição são acusados de grandes mortandades (em Portugal morreram 1200 pessoas em Autos de fé, em duzentos anos), porém, aparentemente, os católicos mortos pelos protestantes não existem. E morreram muitos, sobretudo na Inglaterra dos Tudor, a começar por São Thomas Moore, passando pelos massacres dos suecos de Gustavo Adolfo na Baviera, na guerra dos Trinta Anos, ou pelos dos puritanos de Cromwell na Irlanda católica.
Em nome da Democracia, da Liberdade e da Igualdade, os Marat, os Robespierre, os Fouquer-Tinville, os Carrier, prenderam, torturaram, guilhotinaram, afogaram muitos milhares de pessoas de todas as classes em França. E os republicanos franceses foram os pioneiros do genocídio contra os camponeses católicos da Vendeia.
Os crimes do nazismo e as barbaridades em nome da raça e da nação alemãs são crimes, são imperdoáveis e estão mais que estudados, historiados e ficcionados, como é devido. Em contrapartida, os crimes do comunismo, na Rússia de Lenine e Estaline, na China de Mao Tsé-Tung, na Europa Oriental, no Cambodja dos Kmers Vermelhos, são tendencialmente ignorados, branqueados, tornados invisíveis. E há cidadãos acima de toda a suspeita, como alguns dos lusos subscritores do recente Manifesto Vida Justa, que são, ou pelo menos foram e já em idade adulta, admiradores confessos das grandes figuras do socialismo que dirigiram a prática destes crimes.
Há uma explicação: é que os crimes dos comunistas e do comunismo – e em geral todos os crimes da Esquerda – são feitos em nome de ideais considerados superiores: a Liberdade, a Igualdade, a Fraternidade, o Socialismo, a Nova Humanidade, a promessa de uma Vida Justa. Muitos destes valores, de resto, são trágicas e apressadas corruptelas de valores cristãos, como os do Sermão da Montanha.
O facto de estes paraísos na terra ou a sua promessa terem gerado realíssimos infernos, matando e vitimando mais almas do que as exterminadas por Hitler, permanece praticamente invisível ou é considerado o irrelevante dano colateral de um “imorredoiro ideal”. E no entanto, somando todos estes paraísos na terra, com o Holodomor ou a fome na Ucrânia e as campanhas agrícolas de Mao Tsé-Tung do “Grande salto em Frente”, chegamos facilmente aos 100 milhões de vítimas “invisíveis”; o equivalente, contabilisticamente, a vários holocaustos. Frank Dikötter, com base nos arquivos do Partido Comunista Chinês, fixou em 45 milhões o número de vítimas da Grande Fome da China, com múltiplos casos de canibalismo nas aldeias.

Os que não deixam ver
Os grandes media ainda são, por agora, quem dá e tira visibilidade a vítimas e carrascos, mas a realidade desfocada que nos mostram torna-se cada vez mais evidente.
Na América, a consciência pública desta demagógica desfocagem é crescente. Num inquérito da Gallup deste ano, a confiança dos americanos na imparcialidade dos mass media – jornais, TV e rádio –, baixou de 72% em 1976 para 31% em 2024, sendo a desconfiança total (“no trust at all”) de 36% e a relativa desconfiança (“not very much confidence”) de 33%.
Foi Jeff Bezos, proprietário do Washington Post desde 2013, que citou este inquérito para lembrar que a fé da população nos jornalistas caiu de tal forma que o último lugar da fiabilidade deixou de ser dos políticos. E acrescentou no Washington Post de 28 de Outubro: “o Post e o New York Times ganham prémios mas falam cada vez mais para uma pequena elite, para si mesmos”.
Quando Bezos, talvez por boas e más razões, se recusou a fazer o endosso oficial do jornal à candidatura de Kamala Harris para presidente, 8% dos assinantes cancelaram a assinatura e vários colunistas saíram em sinal de protesto.
De qualquer forma, com ou sem endosso oficial, o apoio do Washington Post ou do New York Times a Kamala Harris contra “o mal absoluto”, o próprio Hitler (sem que as vítimas passadas e presentes das utopias e narrativas que a dupla democrata de facto secunda sejam sequer referidas ou ganhem qualquer visibilidade), nunca foi segredo para ninguém; muito menos para os inquiridos que expressaram a sua desconfiança na imparcialidade dos grandes media e dos jornalistas em geral. Ainda assim, e porque nos Estados Unidos os media são, tradicionalmente, politicamente alinhados, trata-se ali, geralmente, de uma desfocagem da realidade mais ou menos declarada.
Aqui não, aqui a lente é teoricamente exacta e a “montra” neutra, isenta e objectiva – talvez por isso a desfocagem seja ainda mais demagógica e a invisibilidade de algumas vítimas, carrascos e realidades mais densa.

sexta-feira, 18 de outubro de 2024

É a política ao nível do reality show, à medida das televisões...

O jogo orçamental é uma invenção do presidente da república. Foi ele, em 2021, quem decidiu que haveria eleições sempre que um orçamento não fosse aprovado. O jogo tem dois pressupostos: 
O primeiro é que um orçamento de Estado está acima das divergências políticas, e pode e deve ser viabilizado por partidos que querem coisas diferentes. Basta que se “entendam”. 
O segundo pressuposto é que os eleitores não gostam de votar muitas vezes, e castigarão em novas eleições quem delas passar por responsável. 
Posto isto, o jogo consiste em cada jogador tentar endossar aos outros a culpa por não haver entendimento orçamental. 
É um jogo que faz esquecer opções políticas, e concentra a atenção no jeito ou sorte dos concorrentes. Convida ao psicodrama e à manipulação. É a política ao nível do reality show, à medida das televisões.

O picante do jogo deste ano era a suposição de que havia um PRD, à custa de quem o governo esperava reforçar-se, atrelando-o à sua minoria parlamentar, ou canibalizando-o em eleições. Como o PRD em 1987 era um partido recente, com um crescimento eleitoral súbito, muitos pensaram que o papel estava agora destinado ao Chega. Mas talvez conviesse estudar melhor a história. O PRD era feito de votos do PS. Em 1987, o PSD herdou votos do PS, embora através do PRD. 
E agora, são também os votos do PS que o governo tem em vista. Daí os aumentos para pensionistas e funcionários e o abraço de 22 milhões de euros às empresas de televisão virem embrulhados num fervor woke que, indo além da incerteza sobre o que é uma mulher, até inclui uma ponta de ódio a Israel. 
Não é um cocktail político a pensar em eleitores de direita. Corresponde ao que as direcções do PSD acreditam desde 2017: que o PS descobriu como se manda em Portugal, e que o PSD precisa de ser igual ao PS para lhe herdar o poder.
As cartas pareciam na mão do governo: ou levava o PS a viabilizar o orçamento, e tinha pelo menos um ano para consolidar a ideia de que o PSD é o novo PS; ou levava o PS a romper, mostrando aos dependentes do Estado que os socialistas, afinal, não cuidam dos seus interesses. A ironia da história é que nada disto seria possível sem a existência de um Chega com que o PSD não quer acordos. É porque o Chega impede as maiorias de esquerda que permitiriam ao PS governar, neste parlamento e provavelmente no que saísse de uma nova eleição, que o PS tem pouco interesse em ir a votos. É porque o Chega concentra agora em si, como uma espécie de para-raios, a demonização de que a esquerda é capaz, que os socialistas reconheceram que o PSD, por contraste, não é bem de direita, é até uma espécie de meio-irmão. O Chega que poderia ter servido ao PSD para formar uma maioria reformista. Serve-lhe em vez disso para consolidar uma maioria situacionista.
Tratava-se de saber se os. socialistas iriam descobrir como sair daqui. Não descobriram, como Pedro Nuno Santos confirmou ontem. Vão, portanto, deixar governar Luís Montenegro. 
Ainda não sabemos se o PSD conseguirá mesmo “cumprir o seu ideal”, como o Brasil no fado de Chico Buarque, e ver funcionários, pensionistas, artistas pró-Palestina e comentadores de televisão reconhecerem-no como o novo PS. O que já sabemos é que governar em Portugal continuará a ser sinónimo de fazer despesa pública, isto é, distribuir através do Estado uma riqueza que os governantes não mostram nenhuma preocupação em deixar crescer. Bem pode o país divergir há vinte e cinco anos da UE. Bem podem Mario Draghi e Christine Lagarde, apavorados com o futuro, pedir “reformas estruturais”. O poder em Portugal é socialista, com ou sem PS.

quarta-feira, 18 de setembro de 2024

MOSSAD. Atague aos pager's

Tenho estado ausente do FB por razões compreensíveis. Tenho continuado a escrever o que me comprometi, a ler o livro que recebi (atentamente, recorrendo a outras fontes para recortar a informação), bem como outras situações da minha vida, nomeadamente do foro do "caruncho" típico da idade. Mas hoje não posso deixar de cá vir. A operação lançada pelo Mossad israelita foi um estouro. Mortos até agora 9, feridos: largos milhares. Destruída uma linha de comando que levou anos a construir. Deve estar eminente um ataque ao Líbano e à Síria.
Mas vamos a factos. De uma observação superficial dá para perceber que não foram as pilhas que explodiram. Apesar dos jornaleiros o dizerem em todas as TV e noticiários que até agora vi. Qualquer pessoa com dois dedos de testa percebe que explodirem todas em simultâneo (em áreas tão distantes) implica um sinal electrónico sincronizado. Além de mais nem todas as pilhas reagem a qualquer sobreaquecimento. E emitem calor (muito calor). Quem já utilizou um "pager" sabe perfeitamente isso. Sente-se o calor junto da pele. Basta desligar o aparelho e tudo fica bem. Além do mais o tipo de explosão das pilhas não provoca tantas efeitos como o demonstrado nos vídeos dos supermercados que já vimos. A carga explosivo deve ser equivalente a uma carga explosiva entre 10 e 40 gramas de TNT (o equivalente a uma vela de 25 gramas de TNT. O explosivo teve de ser inserido de forma dissimulada) no fabrico dos "pagers". Made in Taiwan. Exportados para o Líbano e Síria. Serviu para o Hezbolah e para civis (médicos e vendedores especialmente). 
A operação foi muito cara para Israel. Implicou a utilização de uma empresa com fábrica na Formosa. Houve modificação do modelo Gold Apollo ar 924. Houve a introdução de um comando no software que permitiu o detonar simultâneo de tantos milhares de aparelhos. A empresa Gold Apollo é americana. Está arrumada. Nunca mais será rentável. Foi uma operação muito bem feita. Cara (sem dúvida), mas eficaz. Exigiu muito tempo e muito esforço. Muitos dedos perdidos. Muitas lesões junto dos cintos em que normalmente os "pagers" são transportados. Os hospitais do Líbano em crise. Mecanismos de informação e comando rebentados. Apesar de não ser partidário dos genocidas israelenses tenho que reconhecer que foi uma operação muito eficaz. (José Carlos C Lopes)

segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Isabel, para memória futura

Zé falar sobre nós ainda me é muito difícil. Por cá para fora o que tivemos , o que fizemos e como o sentimos é algo que guardo para mim porque foi tão grande. Tão rico de experiências e sensações e de tanta aprendizagem que temo não conseguir encadear um texto que se possa assemelhar ao que tivemos e ao que até Acabamos por aprender
Sabe bem que foi o homem da minha, para não dizer que ainda o é
Está colado em mim como uma parte minha que a vida me roubou e não posso recuperar Mesmo que eu .não queira a nossa história está colada em mim e assim ficará Para sempre porque se tornou uma parte de mim, de nós que sinto que me roubaram e não posso recuperar. Se um dia nós reencontrarmos, o que infelizmente não irá acontecer certamente espero receber um dos seus largos e únicos para mim, abraços. A esta distância continuo a amà-lo como aconteceu na nossa história. Desde então não amei mais ninguém nem posso porque o seu coração está em mim. Nunca saiu de lá. Amo- como então igualzinho
.espero só que tenha perdido algum peso. Gostaria de lhe dizer muitas coisas mas não consigo. A nossa história foi a maior prenda da minha vida.
O pior é que continuo a amá-lo mesmo a esta distância e ainda consigo senti- lo dentro de mim. Um enorme abraço e obrigada por ter estado na minha vida. Pode continuar lá. Se lhe apetecer. Eu recebo sempre bem. Se um dia nós reencontrarmos perceberá. Ainda o tenho dentro de mim. Chega por hoje. Vou tratar do almoço .amor não alimenta barrigas. Continue em mim
Tem um lugar cativo. Se um dia precisar de uma viúva tem aqui uma , já viúva desde a pandemia . Mesmo assim continua a ama- l0.

quarta-feira, 21 de agosto de 2024

domingo, 10 de março de 2024

O eleitor-tipo

Partido Socialista: O PS é apontado como sendo um partido que tem um eleitorado mais velho e também fiel aos socialistas. De acordo com o levantamento feito por Pedro Magalhães e João Cancela, o maior número de votos, em 2022, foi de mulheres, apesar de ser um dos partidos com menos eleitorado feminino e menos instruído.

Partido Social-Democrata: O eleitorado do PSD é parecido ao do PS. Mas há mais homens a votar no PSD, em vez de mulheres: Em 2005, houve uma maioria absoluta do PS. Em 2009 foi maioria relativa. Em 2011 o PSD e o CDS têm uma maioria. Isto é no espaço de seis anos, os eleitores transitaram de uma maioria absoluta do PS para o PSD/CDS.

CHEGA: Com um crescimento acentuado nas últimas eleições, o partido conseguiu conquistar votos dos eleitores descontentes. É também muito mais votado por homens do que por mulheres (praticamente dois em cada três eleitores são do sexo masculino). É entre as pessoas com o ensino secundário que o Chega teve mais votos.

Iniciativa Liberal: A par do Chega, do PAN e do Livre, a IL é um dos partidos mais recentes do panorama político. E juntamente com o Livre e o PAN foi um dos partidos preferidos dos jovens. A maioria dos votantes da IL são também mais instruídos (9% dos votantes com ensino superior). Apenas 1% daqueles que têm menos que o ensino secundário escolheram os liberais.

Bloco de Esquerda: É outro dos partidos preferidos dos mais jovens (8% dos votantes jovens foi para os bloquistas). Em termos de crescimento eleitoral, as características do partido acabam por ser semelhantes às que se verificam na IL, 55% dos votantes dos bloquistas eram do sexo feminino.

PCP/CDU: Os comunistas foram um dos partidos com mais percentagem de voto masculino. Apesar de não ter muitos eleitores jovens, a CDU teve um melhor resultado entre os 18 e os 24 anos, em pessoas sem o ensino secundário. De acordo com os investigadores, alguns dos votantes comunistas habituais podem ter transitado para o PS.

rui.godinho@dn.pt

segunda-feira, 6 de novembro de 2023

bateu no fundo!