quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

...uma língua estranha!


Passava pouco do meio-dia da Lisboa...
56 “europeos”, após o esforço de apor uma assinatura e do desgaste obtido pela difícil colocação, no protocolar bolso interior esquerdo, de uma argentária caneta... viram aparecer uma figura virtual
[1], desenhada pelo já morto Walt Disney ou dos de “Quem tramou Roger Rabbit”, que tentou dizer-lhes, na língua dos cafres do Ocidente do Velho Continente, umas palavras que reproduzo de seguida, antes que se nos imponham o social-acordo com os bárbaros da outra banda do mar,....

Para que conste segue a tradução, em língua de Camões, do que a dita (jamais a diva) gritou para os inocentes ouvidos dos “europeos”... e que os iletricios portugas, avessos ás línguas estrangeiras, não entenderam:


De manhã, que medo, que me achasses feia!
Acordei, tremendo, deitada na areia
Mas logo os teus olhos disseram que não,
E o sol penetrou no meu coração.

Vi depois, numa rocha, uma cruz,
E o teu barco negro dançava na luz
Vi teu braço acenando, entre as velas já soltas

Dizem as velhas da praia, que não voltas:São loucas! São loucas!

Eu sei, meu amor,
Que nem chegaste a partir,
Pois tudo, em meu redor,
Me diz que estás sempre comigo.
No vento que lança areia nos vidros;
Na água que canta, no fogo mortiço;
No calor do leito, nos bancos vazios;
Dentro do meu peito, estás sempre comigo.
David Mourão-Ferreira

http://br.youtube.com/watch?v=GdJYzzyO7nc
ou
http://br.youtube.com/watch?v=5ElLSBx9Jo8

Quanto é que eu paguei por aquilo?

... e alguém me conseguirá decifrar isto?

[1] Ouvi-la... é uma aventura que transpõe o óbvio, e nos embala e arrasta a um plano metafísico do sentir. A cantora, qual bruxa, mulher de virtude e de poderes ocultos, numa melismática sem Tempo, transfigura-se ela própria num regaço da Mãe-Natureza, pura e bravia, ora mãe-colo ou mulher volúpia, ora menina descalça à descoberta dos sonhos, ou sabedoria sublimada por muitas vidas vividas...


Publicado por Valéria Mendez em janeiro 30, 2007 05:39 PM