Ao contrário do que afiançam
pequenos, médios e grandes comentadores, que entraram numa verdadeira orgia de
análises do problema, nunca me apercebi de qualquer diferença de substância
entre o que diz e pensa António José Seguro e o que diz e pensa António Costa.
Claro que António José Seguro é tosco a dizer aquelas vacuidades e é possível
que os seus correlegionários achem que com uma caricatura daquelas não chegam a
lado nenhum. Já António Costa tem pose. Restam as vacuidades. É certo que este
exercício ortopédico forçado a que nos condenou o termos de recorrer à troika,
como prémio por décadas de irresponsabilidade, roubou aos partidos, a todos,
margem para os seus dirigentes «pensarem» coisas. Mas comentadores e
contendores deram durante a semana que passou, perante a estupefacção do país
que não pertence às hostes quezilentas do PS, um exemplo do que é viver para a
mais descarada das irrelevâncias. Ninguém que não se anime naqueles ódios
privados e para aqueles ódios privados percebe o que pôs o principal partido da
oposição em movimento convulsivo para a auto-anulação. Eu, que, apesar das
aparências, me vinha a dar à dúvida de poder existir qualquer coisa secreta que
divida, de facto, o PS de António Costa do PS de Seguro, qualquer coisa,
digamos, com significado para mim e para si, para nós que não estamos naquela
família em guerra, qualquer coisa que talvez estivesse a escapar ao meu poder
de discriminação fina, fiquei ilustrado com a notícia
do Expresso, que reza assim: «O secretário-geral do PS vai dar ao seu
quase-adversário a “unidade” que este lhe pediu em troca da paz no próximo
Congresso. As “bases programáticas” comuns que estão a ser trabalhadas incluem
uma reabilitação dos anos de governação de José Sócrates.» E pronto. O futuro é
isto. por Jorge Costa n’
O Insurgente