Dragan Dabic era um especialista em medicina alternativa. Longa barba, aspecto pacato, vivia nos arredores de Novi Beograd, um dos municípios de Belgrado. Viajava com frequência da Sérvia para o Leste da Bósnia, dali para a República do Montenegro e com a facilidade do costume voltava à capital sérvia. Doze anos nisto. Ontem, quando regressava de autocarro para casa, foi detido. Dabic era na verdade Radovan Karadzic, um dos mais procurados criminosos da guerra da Bósnia.
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Os tímidos protestos das primeiras horas após a prisão de Karadzic são um sinal de que a rede de apoio às figuras do antigo regime degradou-se. Os partidos políticos - inclusivamente o Partido Socialista do antigo presidente Slobodan Milosevic, que hoje faz parte do Governo - distanciam-se da figura e o Partido Radical - nacionalista - quedou-se mudo. Em Belgrado, o pragmatismo estará a falar mais alto do que qualquer sentimento de orgulho patriótico ferido - o trio Radovan Karadzic, Slobodan Milosevic e Ratko Mladic é a referência mor para os saudosistas da antiga ditadura. A entrada na União Europeia é fundamental.
Os sérvios parecem ter-se apercebido disso e a entrega de Karadzic ao Tribunal Penal Internacional de Haia - falta ainda o general Mladic, o operacional que planeou o massacre dos oito mil muçulmanos em Srebrenica - é o preço a pagar. Onde está a má notícia em tudo isto? Ela não existe. Esperemos que o tal orgulho Sérvio, evidente e facilmente observável para qualquer visitante, não esteja gravemente ferido e que depois da independência do Kosovo este episódio não o provoque ainda mais. Expresso
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Os tímidos protestos das primeiras horas após a prisão de Karadzic são um sinal de que a rede de apoio às figuras do antigo regime degradou-se. Os partidos políticos - inclusivamente o Partido Socialista do antigo presidente Slobodan Milosevic, que hoje faz parte do Governo - distanciam-se da figura e o Partido Radical - nacionalista - quedou-se mudo. Em Belgrado, o pragmatismo estará a falar mais alto do que qualquer sentimento de orgulho patriótico ferido - o trio Radovan Karadzic, Slobodan Milosevic e Ratko Mladic é a referência mor para os saudosistas da antiga ditadura. A entrada na União Europeia é fundamental.
Os sérvios parecem ter-se apercebido disso e a entrega de Karadzic ao Tribunal Penal Internacional de Haia - falta ainda o general Mladic, o operacional que planeou o massacre dos oito mil muçulmanos em Srebrenica - é o preço a pagar. Onde está a má notícia em tudo isto? Ela não existe. Esperemos que o tal orgulho Sérvio, evidente e facilmente observável para qualquer visitante, não esteja gravemente ferido e que depois da independência do Kosovo este episódio não o provoque ainda mais. Expresso
