Nesta semana em que cerca de 250 mil alunos do ensino básico e secundário fazem exames nacionais, o Expresso realizou uma experiência interessante e significativa: nove alunos do actual 9.º ano foram chamados a resolver o exame de Matemática de 1962 do antigo 5.º ano do liceu (actual 9.º). Analisado o enunciado, apenas um dos jovens de 2011 não chumbaria na prova de há 50 anos. Os mais benévolos vieram logo dizer que há meio século a escola era um terror, os enunciados abstractos e os exercícios “mais cansativos” e “teóricos”, e que o ensino de hoje, orientado para a auto-descoberta de competências práticas, é o característico de uma escola que não pode nem querser “um obstáculo intransponível”. Os mais críticos alertaram para a diminuição acentuada do grau de exigência e para o estado frágil do nível de esforço, raciocínio e conhecimento dos alunos actuais. Como uma das professoras dizia, os jovens de hoje “não têm menos capacidades do que os pais ou os avós. Não são é levados a trabalhar nesse sentido, nem lhes é pedido que se esforcem tanto”. ... José Miguel Sardica Professor da Universidade Católica Portuguesa