A qualidade da informação em
Portugal é tão fraquinha ao ponto de as pessoas debaterem incessantemente
Chipre sem saberem quase nada sobre Chipre, o que obviamente só pode levar a
conclusões erradas ou absurdas. Os pontos seguintes são essenciais para
perceber as opções da União Europeia em relação a Chipre, mas raramente são
mencionados nos debates ou nas notícias:
1. Chipre não tem capacidade de se
financiar nos mercados e precisa de ajuda externa.
2. Os maiores bancos cipriotas estão
falidos. Falidos mesmo. Não é um problema de liquidez como o Banif ou o BCP, é
falidos como o BPN (algumas pessoas também não percebem esta diferença, mas
pronto).
3. Só seria possível salvar os
bancos cipriotas com injecções de dinheiro a fundo perdido, coisa que a UE não
pode fazer porque as regras não o permitem. Nem a UE quer porque isso
beneficiaria os infractores que não cumprem as regras do euro.
4. Chipre poderia salvar os bancos
assumindo as dívidas destes, como fez a Irlanda. Mas essa opção não é viável.
Chipre não teria capacidade para pagar a dívida e a União Europeia não aceita
essa opção porque não empresta dinheiro que sabe não poder nunca recuperar. O
FMI idem.
Porque é que esta informação é
omitida? Porque facilita a narrativa infantil de que a UE e a Alemanha só
querem fazer maldades a Chipre e ao Sul da Europa. É isso que as pessoas querem
ouvir. Os factos são irrelevantes. por Blasfémias no