Esta notícia que reporta
uma investigação jornalística é muito interessante e vem no Correio da Manhã de
hoje.
Resumidamente, os factos,
como o jornal os conta, são estes:
Um indivíduo com 57 anos,
médico do Porto, exerceu "vários cargos de chefia" no hospital de S.
João, no Porto. Parece que até foi assistente universitário de um das cadeiras
do curso. Entre 2003 e 2008 foi presidente do INEM e quando Ana Jorge ( PS) era
ministra ( num dos governos de José Sócrates) foi consultar para o ministério,
até 2011. O quê? Não se sabe por enquanto porque o jornal não diz. Mas pelo
caminho que a investigação jornalística leva, um dia destes ainda viremos a
saber. Desde Outubro de 2011 o mesmo indivíduo ( na foto) é presidente da
Administração Regional de Saúde. Um gestor do Estado. Não é público: é do
Estado que é mais precioso.
O mesmo administrador,
que é do Porto, quando era presidente do INEM, arrendou uma casa em Lisboa, em
2004. Onde? Começam as coincidências...
Foi no mesmo prédio da rua
Braamcamp, onde José Sócrates e a mãe compraram uns magníficos apartamentos a
preços convidativos, segundo foi notícia de época, (embora haja quem jure que
não, como Herman José que também lá comprou e que jurou terem sido pelos preços
certos. Não se sabe muito bem é a quem, com precisão de nomes, mas isso já lá
vai). Seja como for, o apartamento arrendado pertence a uma empresa- a Convida,
investimentos turísticos e imobiliários- administrada por um certo Paulo
Castro. A empresa terá accionistas mas são secretos. O contrato de
arrendamento, esse, também é porque ninguém quis dizer ao jornal quanto paga de
renda o tal administrador que agora é director da ARS-Lisboa e Vale do Tejo. E
quem é o tal administrador da Convida, Paulo Castro?
Ora, é o administrador da
empresa Octapharma, em Portugal. A mesma que empregou José Sócrates como
caixeiro-viajante para os affaires da América Latina. A mesma que em Portugal
domina o mercado do plasma hospitalar e os milhões que movimenta, com uma quota
de 60 a 80% do mesmo.
Portanto, resumindo ainda
mais: O administrador da Octapharma, Paulo Castro, é também administrador de
uma empresa imobiliária cujos donos não se conhecem e que arrendou um
apartamento a um funcionário público de luxo, enquanto presidente do INEM, em
2004, consultor do Ministério da Saúde entre 2008 e 2011 e agora presidente da
ARS.
A explicação para esta
coincidência é dada pelo mesmo administrador da ARS: conhece Paulo Castro há um
ror de anos e... são amigos.
Ora...e andam estes
jornalistas a desconfiar de pessoas assim que são amigas de longa data e por
isso andam a bisbilhotar a vida pública dos mesmos. Isto faz-se?
Ora bem e falando sério:
é preciso saber o que consultou Luís Cunha Ribeiro, desde 2008 a 2011, no
Ministério da Saúde. Exactamente o quê e porquê. Onde colocou o nome assinado,
onde interveio como consultor, quando ganhava pelo tacho etc etc.
Depois disso é preciso
saber que tipo de relação de amizade pode justificar um contrato de
arrendamento de um apartamento, por coincidência no mesmo prédio em que também
estava a morar o primeiro-ministro de então, feito a uma empresa que era
administrada pelo responsável, em Portugal , de uma multinacional farmacêutica
que em 2008 conseguiu vários milhões de euros de negócios com o Estado e o
ministério da Saúde em particular, onde aquele inquilino era consultor (mas o
que é que consultou, santo Deus? Pode saber-se, ao certo?).
Tudo isso por uma razão
que é importante explicar: um gestor do Estado não deve aceitar viver num
apartamento que arrendou a um amigo que é simultaneamente interessado em
grandes negócios com o mesmo Estado e em que aquele inquilino está em posição
de eventual conflito de interesses.
Para já o assunto é
meramente ético. Depois, se o jornal descobrir mais coisas, logo se vê.
Evidentemente, eticamente
isto é uma grande vergonha. Para quem a tem, naturalmente.
Ah! Já me esquecia: o
senhor não tem condições nenhumas para continuar a ser presidente de ARS alguma.
no Porta da Loja