A forma como Nuno Crato tratou este
dossier é exemplar. E não me recordo de um precedente semelhante na história da
democracia portuguesa. Conheço Nuno Crato há quase 40 anos, trabalhei com ele
na juventude e somos amigos, por isso nunca duvidei que ele actuaria de forma
totalmente séria. Mas como Portugal é o que é - e em Portugal inquéritos como
este, quando existem, acabam geralmente sem conclusões. Não aconteceu desta
vez. Um ministro foi obrigado a demitir-se porque um outro ministro realizou um
inquérito, levou-o até ao fim e não teve medo das conclusões. Mais: o
primeiro-ministro não deu ordem de veto de gaveta, permitiu que o processo
fosse até ao fim. É bom recordar que ainda há poucos anos se considerava uma
cabala levantar dúvidas sobre a validade de cadeiras terminadas a um domingo ou
resolvidas através de provas mais amanhadas. Foi com Sócrates e o ministro
de então nem sequer abriu um inquérito. Aproveitou foi para fechar essa
universidade e por uma pedra em cima do assunto. É bom ter memória e é bom
saber que, no meu país, nem tudo continua igual ao que sempre foi. Obrigado
amigo Crato. José Manuel
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