sábado, 25 de abril de 2020

...chegados a 2020 ainda falta um dos 3D!


Corria o ano de 1974. Portugal era um país mediamente desenvolvido, pobre pelos padrões dos ricos, remediado pelo padrão dos pobres. Cerca de um terço do trabalho estava na agricultura, outro terço na indústria e um terço nos serviços. Membro das Nações Unidas, da NATO, da OCDE e da EFTA (Associação Europeia de Comércio Livre), entre muitas outras organizações.
Mas também Portugal vinha a ser condenado de forma persistente nas Nações Unidas pela continuação da sua política colonial e pela guerra que travava em três frentes, em Angola, em Moçambique e na Guiné.
Quase metade do Orçamento do Estado era para a defesa, ou seja, para a guerra. Com uma taxa de apreensão fiscal muito baixa, das mais baixas da OCDE, pouco dinheiro sobraria para a política social do Estado, educação e saúde, mas o país quase não tinha dívida externa nem sabia o que fosse défice orçamental, tendo, aliás, fortes reservas em divisas e ouro, entre as mais elevadas do mundo, e uma taxa de crescimento económico da ordem dos 7 a 8% ao ano.
Estranhamente olhando-o 46 anos depois, embora sendo um golpe militar, o 25 de Abril, propôs-se mudar isso. A política então enunciada resumia-se nos célebres 3 D: democratizar, descolonizar, desenvolver.
Pouco mais de um ano depois do 25 de Abril, em 11 de Março, um golpe de Estado subvertia inteiramente a economia do país, levando à nacionalização ou intervenção de quase todas as indústrias e empresas de serviços com alguma dimensão e a uma reforma agrária destruidora da riqueza agrícola do país.
Os resultados da revolução não se fizeram esperar: afligida pela crise internacional iniciada em 1973, por uma descolonização caótica e excessivamente rápida e pelas nacionalizações, a economia portuguesa passou para um brutal défice externo da balança de pagamentos, um défice orçamental da ordem das dezenas de pontos percentuais, uma inflação galopante e uma queda da produção que, só em 1975 em relação a 74, foi de 15%.
Os resultados da “revolução” não se fizeram esperar: afligida pela crise internacional iniciada em 1973, por uma descolonização caótica e excessivamente rápida e pelas nacionalizações, a economia portuguesa passou para um brutal défice externo da balança de pagamentos, um défice orçamental da ordem das dezenas de pontos percentuais, uma inflação galopante e uma queda da produção que, só em 1975 em relação a 74 foi de 15%.(in “A missa” por  João Luís Mota de Campos)
...e chegados a 2020 ainda falta um dos 3D!