Corria
o ano de 1974. Portugal era um país mediamente desenvolvido, pobre pelos
padrões dos ricos, remediado pelo padrão dos pobres. Cerca de um terço do
trabalho estava na agricultura, outro terço na indústria e um terço nos
serviços. Membro das Nações Unidas, da NATO, da OCDE e da EFTA (Associação
Europeia de Comércio Livre), entre muitas outras organizações.
Mas
também Portugal vinha a ser condenado de forma persistente nas Nações Unidas
pela continuação da sua política colonial e pela guerra que travava em três frentes,
em Angola, em Moçambique e na Guiné.
Quase
metade do Orçamento do Estado era para a defesa, ou seja, para a guerra. Com
uma taxa de apreensão fiscal muito baixa, das mais baixas da OCDE, pouco
dinheiro sobraria para a política social do Estado, educação e saúde, mas o
país quase não tinha dívida externa nem sabia o que fosse défice orçamental,
tendo, aliás, fortes reservas em divisas e ouro, entre as mais elevadas do
mundo, e uma taxa de crescimento económico da ordem dos 7 a 8% ao ano.
Estranhamente
olhando-o 46 anos depois, embora sendo um golpe militar, o 25 de Abril, propôs-se
mudar isso. A política então enunciada resumia-se nos célebres 3 D:
democratizar, descolonizar, desenvolver.
Pouco
mais de um ano depois do 25 de Abril, em 11 de Março, um golpe de Estado
subvertia inteiramente a economia do país, levando à nacionalização ou
intervenção de quase todas as indústrias e empresas de serviços com alguma
dimensão e a uma reforma agrária destruidora da riqueza agrícola do país.
Os
resultados da revolução não se fizeram esperar: afligida pela crise
internacional iniciada em 1973, por uma descolonização caótica e excessivamente
rápida e pelas nacionalizações, a economia portuguesa passou para um brutal
défice externo da balança de pagamentos, um défice orçamental da ordem das
dezenas de pontos percentuais, uma inflação galopante e uma queda da produção
que, só em 1975 em relação a 74, foi de 15%.
Os resultados da “revolução” não se fizeram esperar:
afligida pela crise internacional iniciada em 1973, por uma descolonização
caótica e excessivamente rápida e pelas nacionalizações, a economia portuguesa
passou para um brutal défice externo da balança de pagamentos, um défice
orçamental da ordem das dezenas de pontos percentuais, uma inflação galopante e
uma queda da produção que, só em 1975 em relação a 74 foi de 15%.(in “A
missa” por João Luís Mota de
Campos)
...e
chegados a 2020 ainda falta um dos 3D!