terça-feira, 28 de abril de 2020

Oliveira Salazar

Nascido no seio de uma família humilde de pequenos proprietários agrícolas, o seu percurso no Estado português iniciou-se quando foi escolhido pelos militares para Ministro das Finanças durante um curto período de duas semanas, na sequência da revolução de 28 de Maio de 1926. Foi substituído pelo comandante Filomeno da Câmara de Melo Cabral após o golpe do general Gomes da Costa. Posteriormente, foi de novo Ministro das Finanças entre 1928 e 1932, procedendo ao saneamento das finanças públicas portuguesas. Ficou também para a história como o estadista que mais tempo governou Portugal, desempenhando funções em ditadura entre 1932 e 1933, e de forma autoritária, desde o início da segunda república até ser destituído em 1968.

sábado, 25 de abril de 2020

...chegados a 2020 ainda falta um dos 3D!


Corria o ano de 1974. Portugal era um país mediamente desenvolvido, pobre pelos padrões dos ricos, remediado pelo padrão dos pobres. Cerca de um terço do trabalho estava na agricultura, outro terço na indústria e um terço nos serviços. Membro das Nações Unidas, da NATO, da OCDE e da EFTA (Associação Europeia de Comércio Livre), entre muitas outras organizações.
Mas também Portugal vinha a ser condenado de forma persistente nas Nações Unidas pela continuação da sua política colonial e pela guerra que travava em três frentes, em Angola, em Moçambique e na Guiné.
Quase metade do Orçamento do Estado era para a defesa, ou seja, para a guerra. Com uma taxa de apreensão fiscal muito baixa, das mais baixas da OCDE, pouco dinheiro sobraria para a política social do Estado, educação e saúde, mas o país quase não tinha dívida externa nem sabia o que fosse défice orçamental, tendo, aliás, fortes reservas em divisas e ouro, entre as mais elevadas do mundo, e uma taxa de crescimento económico da ordem dos 7 a 8% ao ano.
Estranhamente olhando-o 46 anos depois, embora sendo um golpe militar, o 25 de Abril, propôs-se mudar isso. A política então enunciada resumia-se nos célebres 3 D: democratizar, descolonizar, desenvolver.
Pouco mais de um ano depois do 25 de Abril, em 11 de Março, um golpe de Estado subvertia inteiramente a economia do país, levando à nacionalização ou intervenção de quase todas as indústrias e empresas de serviços com alguma dimensão e a uma reforma agrária destruidora da riqueza agrícola do país.
Os resultados da revolução não se fizeram esperar: afligida pela crise internacional iniciada em 1973, por uma descolonização caótica e excessivamente rápida e pelas nacionalizações, a economia portuguesa passou para um brutal défice externo da balança de pagamentos, um défice orçamental da ordem das dezenas de pontos percentuais, uma inflação galopante e uma queda da produção que, só em 1975 em relação a 74, foi de 15%.
Os resultados da “revolução” não se fizeram esperar: afligida pela crise internacional iniciada em 1973, por uma descolonização caótica e excessivamente rápida e pelas nacionalizações, a economia portuguesa passou para um brutal défice externo da balança de pagamentos, um défice orçamental da ordem das dezenas de pontos percentuais, uma inflação galopante e uma queda da produção que, só em 1975 em relação a 74 foi de 15%.(in “A missa” por  João Luís Mota de Campos)
...e chegados a 2020 ainda falta um dos 3D!

segunda-feira, 6 de abril de 2020

Atoleiros. Decidimos ser Nação!


Nuno Álvares Pereira aprendeu com mercenários ingleses a táctica que dizimava os franceses na Guerra dos Cem Anos, e aplicou-a em batalhas que venceu
No verão de 1381, o escudeiro Nuno Álvares Pereira, de 21 anos, ao serviço do monarca D. Fernando, acompanhava mercenários ingleses nas guerras fernandinas contra Castela, onde reinava D. Juan I. Eram operações militares de saque, devastação de território, tomada de prisioneiros e destruição de campos de cultivo, para desmoralizar o inimigo. Mas, desses veteranos, Nuno Álvares Pereira ouviu a lição da sua vida: a receita militar inglesa que dizimava os franceses em sucessivas batalhas, na Guerra dos Cem Anos. Essa nova táctica, de combate apeado, consistia na ocupação prévia do terreno da batalha, com o cuidado de verificar se havia nos lados e atrás obstáculos naturais (linhas de água, bosques, zonas de floresta ou de construção), que não permitissem a um exército maior “abraçá-los”, isto é, envolvê-los pelos flancos. Se estivessem num sítio alto, melhor ainda. Por vezes, escavavam fossos e covas de lobo à frente da sua posição, dissimulados com ramagens – se viesse um exército de cavalaria pesada, cheio de ímpeto, os cavalos começavam a tropeçar ou a empinar-se, derrubando os cavaleiros, numa amálgama caótica de homens e animais. O inimigo tornava-se um alvo fácil para a peonagem armada de lanças e, sobretudo, para os arqueiros e besteiros. Álvares Pereira tomou boa nota dos ensinamentos dos mercenários. Foi inteligente e isso consagrou-o depois como grande estratego militar português.
Quando D. Fernando morreu, a 22 de Outubro de 1383, a uma crise sucessória associou-se uma “revolução”. Nuno Álvares Pereira alinhou pelo mestre de Avis, no partido dos segundos filhos e bastardos, que viam a sua ascensão política e social barrada pelos primogénitos. Estes, para manter o statu quo, resolveram apostar no trunfo que julgavam ser mais poderoso, o rei de Castela, D. Juan I, que reivindicava o trono português com base no seu casamento com Beatriz, filha herdeira de D. Fernando, que aceitou o enlace quando estava já muito doente.

Não houve aqui sobressaltos patrióticos. “Uns e outros geriam os seus interesses”, diz João Gouveia Monteiro, especialista em Idade Média, professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. D. Juan I invadiu Portugal, em busca do trono. O objetivo era cercar Lisboa, que o mestre de Avis se preparava para defender. Mas, antes, o líder da “revolução” nomeou Nuno Álvares Pereira “fronteiro” (ou comandante militar) do Alentejo. Era preciso um outro exército, com capacidade de manobra, que não estivesse imobilizado dentro de Lisboa, e que tentasse travar a travessia das tropas castelhanas que usavam a planície alentejana para se juntarem ao cerco da capital.
Mal chegou a Évora, com 240 homens armados, Nuno Álvares Pereira procurou recrutar mais efectivos apeados que trouxessem uma lança ou uma besta, facas domésticas bem afiadas, partasanas (alabardas de ferro comprido, de ponta larga e perfurante), ou manguais, instrumentos para malhar cereais. Era o possível. O “fronteiro” estava a formar este exército quando soube, em Estremoz, que um contingente castelhano, a caminho de Lisboa, se encontrava a cercar a vila de Fronteira, no Alto Alentejo. Este contingente tinha cerca de mil cavaleiros, uma cavalaria ligeira de 200 ginetes e um número não apurado de peonagem e de besteiros. Por sua vez, Nuno Álvares Pereira arrancou de Estremoz com cerca de 300 cavaleiros, perto de mil peões e uma centena de besteiros.
A meio dos 20 quilómetros que separam Estremoz de Fronteira, surgiu um emissário castelhano que tentou aliciar o “fronteiro” com generosas recompensas se desistisse e passasse para o lado onde se encontrava o seu irmão mais velho, Pedro. Nuno Álvares Pereira pô--lo a andar. Os castelhanos só deixaram os preparativos do cerco quando o emissário chegou com a resposta, o que permitiu a Álvares Pereira começar a aplicar, com rigor, a receita inglesa: escolheu o local da batalha, numa pequena herdade em Atoleiros, a cerca de 2,5 quilómetros de Fronteira. O terreno estava cortado ao meio por uma linha de água de uma ribeira (o mês era Abril, devia estar bem nutrida), o que quebrava o ímpeto do ataque inimigo. E o próprio topónimo Atoleiros indica solo alagadiço. Toda a tropa do “fronteiro” iria combater a pé, tomando posição num pequeno cabeço, estreito e não muito alto, com cerca de 200 metros de largura, sobre a linha de água. Dispôs a sua vanguarda com lanceiros, colocou nas alas os atiradores com besta, e na retaguarda uma força de apoio. E, mais atrás, estariam possivelmente outros besteiros que se encontravam num ponto mais alto, dez a 15 metros acima da linha de água, e que podiam disparar os seus virotões por cima das cabeças dos seus companheiros.
Foi este dispositivo que os castelhanos encontraram à sua espera. Seguiram o modelo francês – o ataque todo feito a cavalo, embora em pequenos esquadrões de dez a 15 homens, de cada vez. Os grupos iam--se sucedendo, mas tinham de atravessar a ribeira e o terreno empapado, e depois subir, para chegar ao contacto com o exército de Nuno Álvares Pereira. Tudo lhes quebrava o ímpeto. Os cavalos tropeçavam e não avançavam, os que vinham atrás chocavam com eles, que se empinavam, e eram logo atingidos pelos tiros dos besteiros, e os cavaleiros que conseguiam chegar ao contacto com a vanguarda portuguesa tinham combatentes apeados com lanças apontadas aos peitos dos animais a recebê-los. A batalha terá demorado, no máximo, duas horas – tempo suficiente para a chacina do exército castelhano, apanhado pela surpresa e pelo pânico.
“Do ponto de vista psicológico e anímico, esta vitória teve um efeito brutal”, diz João Gouveia Monteiro. “Os castelhanos tinham um exército muito mais poderoso – mas, afinal, não eram invenciveis. A quem estava destinado a encerrar-se em Lisboa com o mestre de Avis, a resistir ao cerco do rei de Castela, deu um ânimo tremendo.” Nuno Álvares Pereira foi a Almada, para transmitir a boa nova ao mestre, através de sinais de fogo.
Porém, em Setembro de 1384, Lisboa estava nas últimas, após cerca de quatro meses de cerco por terra e mar. Se caísse, isso significava a derrota da causa “revolucionária”. Eis, no entanto, que um surto de peste atacou em cheio o acampamento dos 20 mil castelhanos. Os sitiantes morriam às dezenas por dia. A D. Juan I não restou outra alternativa senão levantar o cerco e retirar-se cabisbaixo para Castela. (por J. PLÁCIDO JÚNIOR in “Os segredos das 6 batalhas que salvaram Portugal”)




sexta-feira, 3 de abril de 2020

Como evitar que a Covid-19 lhe acabe com o motor diesel


A pandemia do coronavírus alterou os hábitos de condução. As viagens são agora mais espaçadas e curtas, o ideal para os que têm carros com motor a gasóleo entrarem em despesas. Saiba como evitá-las.
O filtro de partículas dos motores turbodiesel não aprecia viagens curtas. Para não incorrer em despesas avultadas, apresentamos algumas dicas para manter o filtro em bom estado
Que truques há para evitar entupir o filtro?
Na actual situação, em que o estado de emergência imposto para debelar a pandemia restringe as deslocações a viagens mais curtas, há uma série de pequenos truques para impedir os problemas no DPF. Para começar, é bom usar o tipo de óleo indicado para o carro e, sobretudo, utilizar um lubrificante indicado para um motor diesel com DPF, que por estranho que pareça, é diferente do usado nos diesel convencionais, mais antigos e sem filtro.
Nas embalagens está sempre bem patente “óleo para motor com filtro de partículas”, podendo surgir em alternativa DPF ou FAP. São lubrificantes do tipo SAPS, o que significa reduzidas quantidades de enxofre, cinzas sulfatadas e fósforo, de forma a reduzir a produção de partículas que entupam o filtro.
A outra dica é não perder a oportunidade de rodar um pouco mais, para que o veículo passa aquecer e realizar a regeneração, nem que seja uma vez por semana. Ou, então, quando sentir que o sistema está a tentar realizar uma regeneração activa e não há meio de conseguir terminar a operação. Basta ir fazer compras a um supermercado um pouco mais longe, idealmente com pouco trânsito para evitar o pára-arranca.
Outra possibilidade é rodar em 5ª ou 4ª velocidade, em vez de 6ª, o que sempre eleva a rotação do motor (e a temperatura dos gases de escape), uma vez que alguns sistemas de gestão não reconhecem a mudança que está engrenada. Mas antes de recorrer a esta solução, fale com a marca, solicitando esclarecimentos.
Este foi o tema desta semana do podcast Operação Stop, da Rádio Observador, que pode ouvir aqui.