segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

2006... Neve em Lisboa, uma fria refutação !


Neve em Lisboa, uma fria refutação

Fica registado na história meteorológica de Lisboa que no dia 29 de Janeiro de 2006 nevou. As explicações oficiais continuam a não dar conta do recado. Mas as observações dos satélites ajudam a entender o que aconteceu.


A Figura apresenta as fotografias do satélite NOAA16 obtidas entre as 12 h 17 m 26 s e as 15 h 48 m 43 s, do dia 29/10/06. O registo do tempo é referido à unidade UTC. O satélite captou imagens na altura em que nevava em Lisboa (cerca das 15 horas locais).


Reconhecem-se ali vários anticiclones móveis polares (AMP), um dos quais a sobrevoar a cidade de Lisboa. Esta visão é invulgar e foi uma cortesia que deve ser assinalada com agrado. Para quem tem dúvidas aí estão os AMP. Ver para crer…


Trata-se de mais uma das múltiplas provas do erro colossal que constitui a teoria do chamado “efeito de estufa antropogénico” que nada explica. E também é uma bofetada – de luva branca, tal como a neve – para aqueles que andaram a dizer que o Pólo Norte estaria a derreter.

Estes AMP nasceram na madrugada de 29 na região boreal (Pólo Norte e Gronelândia) e seguiram inicialmente a trajectória escandinava. Só que a aglutinação de AMP sobre a Europa é de tal ordem que lhes barrou o caminho. Obrigou-os a descer até à Lusitânia.


As pseudo explicações oficiais continuam a raiar absurdos como “frio polar”, “massas de ar polar” e, veja-se lá, “depressões em altitude”…Dão a entender que o frio e as massas de ar polares se regem pelo acaso.


Não há nisto nada de acaso ou de caos. Os AMP estão rigorosamente organizados. As
depressões fazem parte integrante da sua formação predominantemente anticiclónica. Os campos de pressões que os AMP estabelecem são bem definidos.


O que assistimos em 29 de Janeiro é a completa refutação das fraudes anti-científicas. Conceitos espúrios como responsabilidades do efeito de estufa antropogénico, clima global, aquecimento global, alterações climáticas, acções das emissões antropogénicas, etc. deveriam ser enterradas, tal como os conceitos arcaicos da física medieval.


PROMOTORES DA TRAPALHICE


Dentre os promotores destas trapalhices anti-científicas podem-se incluir o projecto SIAM (Scenarios, Impacts and Adaptation), sobre Portugal, o PNAC (Programa Nacional para as Alterações Climáticas) e o Protocolo de Quioto.


Além disso, devem-se acrescentar as COP (Conference of the Parties), os MOP (Meeting of the Parties), os estudos da ACIA (Arctic Climate Impact Assessment), da AEE (Agência Europeia do Ambiente), do IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change).


Não devem ser esquecidos o IA (Instituto do Ambiente), o MA (Ministério do Ambiente), os srs. ministros europeus do Ambiente, os Comissários do Ambiente, a Direcção-Geral do Ambiente de Bruxelas, etc., etc.


Em Portugal, além de todas estas organizações, os seus principais promotores têm sido os srs. Filipe Duarte Santos (o lamentável representante de Portugal no IPCC), João Gonçalves (IA), Júlia Seixas, Álvaro Martins, Carlos Pimenta, Oliveira Fernandes, Jorge Moreira da Silva & Francisco Ferreira.


Vamos a ver o que dirá agora toda esta gente. Quando a teoria deles é contrariada pelos factos, costumam jogar os factos pela borda fora. Ou então inventam uma explicação que nada explica. Honestidade intelectual e científica precisa-se.

Rui G. Moura

http://mitos-climaticos.blogspot.com/2006_01_01_archive.html

sábado, 20 de janeiro de 2007

Odemira !

homem morre de ataque cardíaco mais de quatro horas após alerta de socorro

Um homem de 57 anos morreu hoje no centro de saúde de Odemira (Beja), vítima de ataque cardíaco, mais de quatro horas depois de accionada a emergência, disseram fontes dos bombeiros e da ARS/Alentejo.
O porta-voz da Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo, Mário Simões, disse que a morte do homem foi declarada no centro de saúde de Odemira às 13h40, quase quatro horas e meia depois de accionado o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).
Fonte dos bombeiros de Odemira explicou que a emergência foi accionada cerca das 09h15, tendo a vítima sido socorrida meia hora depois, por uma ambulância da corporação, na Praia da Atalainha (Zambujeira do Mar), local onde se encontrava caída e para o qual se havia deslocado para a prática de pesca desportiva. 20.01.2007 - 19h08 Lusa


Fernanda Ventura

A paternidade é um espermatozóide?

O tribunal de Torres Novas acha que a paternidade é uma extensão do acto sexual, como se os filhos viessem agarrados aos espermatozóides. Por isso, numa sentença que entra directamente para a galeria das maiores barbaridades já cometidas neste país, enfiou com um homem na prisão durante seis anos por ele se atrever a dizer que é sua uma criança que criou desde os três meses de idade e que faz cinco anos daqui a 23 dias. É um exemplo extraordinário de cegueira judicial, que no futuro certamente será estudado nas escolas de Direito. Porque, em última análise, o que o tribunal de Torres Novas decidiu é que os direitos de um pai biológico são mais importantes do que a felicidade de uma criança. E isso é inaceitável. João Miguel Tavares DN 20Jan07

dupla personalidade...ou cegueira selectiva?

Maria José Morgado
defendeu, anteontem, que o aborto ilegal "é um negócio de dinheiro sujo" que potencia a corrupção, comparando algumas clínicas que realizam abortos em Portugal às "slot machines" dos casinos. "Há clínicas em Portugal que são 'slot machines' de ganhar dinheiro", afirmou, na Assembleia da República, numa conferência organizada pelo grupo parlamentar do PS e intitulada "Sim à Despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez".

PGR: Maria José Morgado falou sobre aborto como "cidadã e jurista"
O procurador-geral da república, Pinto Monteiro, esclareceu hoje que a intervenção de Maria José Morgado numa conferência a propósito do referendo sobre o aborto foi feita "na qualidade de cidadã e de jurista" e não na de procuradora-geral adjunta. 19.01.2007 - 17h55 Lusa, PUBLICO.PT

Maria Fernanda Palma
A juíza do Tribunal Constitucional Maria Fernanda Palma refutou hoje as críticas que lhe foram feitas pelo líder parlamentar do PSD, a propósito da participação de magistrados em acções de campanha para o referendo sobre o aborto. A magistrada argumenta que não fez actividade político-partidária nem propaganda na campanha do referendo e diz que se pronunciou na qualidade de professora universitária. 20.01.2007 - 08h42 Lusa, PUBLICO.PT

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

juíza Fernanda Ventura... um nome a fixar ou esquecer?

notável escrito que vale a pena guardar... para ler depois!


O interesse da menor

Inês Pedrosa


Em Portugal, em 2007, condena-se a seis anos de cadeia um homem inocente, apenas por querer honrar o compromisso de protecção que estabeleceu com uma criança.


"Não faz parte do interesse da menor saber que tem um pai biológico? Faz, e isso não foi permitido" – esta pergunta e esta resposta foram proferidas pela juíza Fernanda Ventura durante a última sessão do julgamento que, no passado dia 16, condenou o sargento do Exército Luís Matos Gomes a seis anos de prisão e a uma indemnização de 30 mil euros ao autor biológico da sua filha de quase 5 anos. Escrevo "autor biológico" porque um pai não é um legume: pai é aquele que cria, ama, protege, educa e sustenta uma criança. Ora quem exerceu essa função, desde os três meses de idade da menina em causa, foram o sargento Luís Matos Gomes e a sua mulher, Adelina Lagarto, que prescindiu da sua carreira profissional para se ocupar da criança a tempo inteiro. Se Luís Matos Gomes e a sua mulher não tivessem acolhido esta menina, o seu involuntário progenitor, que só se lembrou da paternidade quando a menina atingia os dois anos de idade, nunca mais teria sabido dela – a mãe biológica poderia tê-la levado para o Brasil e ter feito dela o que quisesse, incluindo abandoná-la num lugar qualquer ou metê-la num saco de plástico e lançá-la ao rio, como há precisamente um ano aconteceu a dois bebés, num intervalo de dias, em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro.

Quem saiba o que é criar um filho sabe que, de facto, e ao contrário do que a juíza Fernanda Ventura peremptoriamente afirmou, aos 5 anos de idade – ou aos 2, aos 3, aos 4... aos 10 – a criança não tem qualquer interesse em saber se o pai e a mãe que tem são ou não biológicos. Portugal tem aliás uma larga experiência de pais biológicos que não interessam a criança nenhuma – porque as maltratam e torturam, às vezes até à morte. Ainda há semanas foi a pequena Sara, espancada até à morte pela biológica progenitora. É evidente que uma criança adoptada tem o direito a saber que foi adoptada, mas só quando tiver maturidade para absorver essa informação – o que, como qualquer psicólogo ou psiquiatra confirmará, não acontece aos dois nem aos cinco anos de idade. Nestas idades, o interesse superior da menor é a estabilidade afectiva, como enfatizou Luís Villas-Boas, psicólogo e responsável pelo Refúgio Aboim Ascensão, na noite do dia 16, num debate na Sic Notícias. Será tão difícil colocarmo-nos na cabeça de uma criança de 5 anos e pensarmos como nos sentiríamos se, de repente, nos tirassem a mãe e o pai afectuosos que nos pertenciam para nos dizerem que a partir de agora o nosso pai era aquele outro senhor? Neste momento, de resto, a menina sofre já o afastamento forçado do pai, que está em prisão preventiva desde o passado dia 14 de Dezembro. O Natal dos seus quatro anos (completará os 5 a 12 de Fevereiro) passou-o privada do pai, e numa casa que não é a sua.

Mas não é Luís Matos Gomes, que sacrifica a sua liberdade e a sua carreira para proteger a estabilidade emocional da filha que acarinha desde os três meses de idade (quando o nome do seu autor biológico constava nos registos como "pai incógnito"), quem reclamou dinheiro por perdas e danos, materiais ou morais. Foi Baltazar Nunes, o agora já não incógnito autor biológico, quem exigiu ao casal que amou e sustentou a menina durante estes quase cinco anos uma indemnização – e o Tribunal de Torres Novas deu provimento a esse pedido, condenando os pais adoptantes a indemnizarem Baltazar Nunes em trinta mil euros, com juros. Estes trinta dinheiros em troca de uma paternidade tardiamente – e à força – admitida, serão do superior interesse da criança? Baltazar Nunes, que chegou ao tribunal garboso, no seu porte de 1.83 m, louro e de olhos azuis, de fato completo e gravata rosa, pretende, como explicou o seu advogado, que a criança seja liminarmente arrancada aos braços da família que conhece (porque, além dos pais, a menina tem tios, madrinha, primos – e todos garantem que está de boa saúde e muito bem tratada) para não sofrer mais "instrumentalizações". Na leitura da sentença, disse a juíza Fernanda Ventura: "Mal do dia em que haja uma Justiça para ricos e outra para pobres". Quem serão os ricos desta triste história, que opõe um carpinteiro e um sargento? Poderíamos também dizer: "Mal do dia em que houver uma Justiça para jovens altos e louros e outra para homens baixos e morenos" – e isto não significaria nada, pois não?

Não foi esta a única afirmação estranha – por alheia à matéria de facto e ao apuramento da verdade que cabe ao Tribunal – produzida pela juíza Presidente do colectivo de Torres Novas (os outros dois juizes responsáveis pela decisão, Sílvia Peres e José Carneiro, mantiveram-se em silêncio). Ao longo do julgamento, a juíza Fernanda Ventura afirmou, por exemplo: "A gente rapta uma criança e depois é assim". Ou: "Não consigo estar dos dois lados nem tenho que estar". Também o delegado do Ministério Público afirmou, em tribunal: "A criança é o cerne deste julgamento. Nós não podemos estar toldados pelo superior interesse da criança". Sucede que a lei portuguesa afirma precisamente o contrário: que, nestas matérias, o superior interesse da criança deve prevalecer em absoluto (ou "toldar-nos", de acordo com esta Moderna Terminologia Jurídica).

Em Portugal, em 2007, condena-se a seis anos de cadeia um homem inocente, apenas por querer honrar o compromisso de protecção que estabeleceu com uma criança, no dia em que a mãe biológica lha depositou nos braços com uma declaração (reconhecida pelo notário) para adopção. A coragem, o amor e a capacidade de auto-sacrifício reveladas pelo sargento Luís Matos Gomes definem-no como um homem bom e um pai exemplar. O Tribunal que o condenou não se limitou a prestar um péssimo serviço à imagem da Justiça em Portugal: criou também um espírito de alarme contra a adopção, num país que, enquanto os pais biológicos vão ali e já vêm, tem mais de 15 mil menores institucionalizados. Expresso quinta-feira, 18 JAN 07 10:00

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

Odemira !

Ferido espera seis horas por socorro

Um homem colhido por um automóvel, quando circulava de bicicleta na estrada entre São Teotónio e Vila Nova de Mil Fontes, no Alentejo, esperou seis horas para chegar a um hospital adequado. Não resistiu. Morreu, anteontem, no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

Cronologia
07h28 - António José Guerreiro Oliveira é atropelado por uma viatura, quando seguia de bicicleta na EN393, a poucos quilómetros de Odemira.
08h20- A vítima do acidente, em estado muito grave, politraumatizado, com lesões crânio-encefálicas, dá entrada no Centro de Saúde de Odemira.
10h30 - Chega a Odemira a VMER do Hospital Distrital de Beja, depois de uma viagem de cerca de uma hora em que percorreu os 100 quilómetros entre as duas povoações. Avaliação do ferido.
11h30 - Pedido o helicóptero ao serviço do INEM, em Lisboa, que chega a Odemira pelas 12h30.
13h10 - O helicóptero, com o ferido, levantou voo em direcção ao Hospital de Santa Maria, Lisboa. António Oliveira morre uma semana depois.
CM 2007-01-15 - 00:00:00


Ministério conclui que socorro a acidentado foi correcto

Correia de Campos decidiu que não vai abrir nenhum inquérito à assistência prestada a um homem que foi vítima de um acidente rodoviário em Odemira e que foi transferido para o hospital Santa Maria, em Lisboa, sete horas depois de terem sido accionados os primeiros meios de socorro. O homem acabou por morrer três dias depois. TSF 17 de Janeiro 07 19:21

mas...

Odemira vai ter unidade básica de saúde e viatura médica

Após a morte de uma vítima de um acidente rodoviário que foi transferido, sete horas depois, para Lisboa, o autarca de Odemira anuncia que o ministro da Saúde lhe propôs a criação, no concelho, de uma unidade básica de urgência, e a disponibilidade de uma viatura médica intermédia para combater a falta de meios médicos e de socorro. TSF 17 de Janeiro 07 20:01

quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

Quem é responsável pela ausência dos coletes e das balsas Salva-Vidas?

Luto em Caxinas

Três pescadores foram sepultados

Foram esta quarta-feira a enterrar os três pescadores vítimas do naufrágio da passada sexta-feira, na Nazaré. A Comissão de Armadores voltou a exigir uma audiência com o Governo e com o Presidente da República, para discutir a melhoria das condições de segurança dos pescadores.

Familiares, amigos, conhecidos e muitos pescadores. O povo das Caxinas levou o mar para dentro e para fora da Igreja do Senhor dos Navegantes. Um mar de gente que se despede das três vítimas do naufrágio da Nazaré.

Em pouco mais de dois anos é a segunda vez que um naufrágio atinge os pescadores das Caxinas. Há ainda outros três pescadores desaparecidos.

Segurança em alto-mar

Os armadores continuam a reclamar mais segurança em alto-mar. Esta quinta-feira rumam a Lisboa para uma audiência com o Governo e com o Presidente da República. Não aceitam ser recebidos pelos chefes de gabinete.

Depois da missa de corpo presente, os funerais dos três pescadores seguiram para cemitérios diferentes: Caxinas, Vila do Conde e Póvoa de Varzim.

As embarcações das Caxinas voltam agora a fazer-se ao mar.

SIC 20:27 03 JAN 07 | País

...com isenção de IVA eles não teriam morrido?

Nazaré: Governo devia indemnizar famílias

Sindicalista considera que Executivo é «responsável, porque não salvou os pescadores»

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Para Joaquim Piló, a situação de «deficiência» nos meios de salvamento marítimo é «nacional», sendo urgente que, além da aposta do Governo no reforço de meios, os armadores possam contar com benefícios fiscais na aquisição de equipamentos de segurança para as suas embarcações.

«Os coletes que permitem ao pescador trabalhar são muito caros e, por exemplo, seria bom que o Governo os isentasse de IVA», disse Piló à agência Lusa, acrescentando que a formação dos agentes de segurança marítima deve ser também reforçada.

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PD 2007/01/04 | 13:19

terça-feira, 2 de janeiro de 2007

dois artigos... para mais tarde os recordar!!!

UM
Antevisão 2007 Cavaco Silva exige resultados em 2007
Paula Sá
DN Terça, 2 de Janeiro de 2007

"Crucial", foi a palavra escolhida pelo Presidente da República para caracterizar o ano de 2007 para Portugal, na sua mensagem de Ano Novo. Sobretudo porque quer que este seja o tempo de ultrapassar a fase de fraco crescimento económico e de acertar o passo com os nossos parceiros europeus. Cavaco Silva exigiu ao Governo e aos seus parceiros sociais "progressos claros" em três áreas vitais: desenvolvimento económico, educação e justiça.Sem esquecer a palavra "esperança, na dose de optimismo adequada à época, o chefe do Estado diluiu os esperados elogios ao Executivo de José Sócrates na exigência de resultados concretos. Num ano em que Portugal poderá "afirmar o prestígio" ao assumir a presidência do Conselho da União Europeia, no segundo semestre de 2007. O desenvolvimento económico, disse, é condição necessária à criação de emprego e de mais justiça social. A recuperação do investimento e o reforço do reequilibro das finanças públicas são os seus factores decisivos. "Havendo, no entanto, que actuar por forma a preservar a coesão social e a solidariedade para com os que precisam." Um aviso de Cavaco ao Governo, tal como o de que "o desenvolvimento exige que o Estado seja mais eficiente no uso dos seus recursos e que actue com rapidez e transparência".E na linha do que têm sido todos os seus discursos, o Presidente da República apela à partilha de responsabilidades da sociedade em geral e ao envolvimento dos parceiros sociais e económicos nos grandes desafios nacionais. É neste sentido que considerou que cabe aos empresários serem agentes de mudança, aumentando a produtividade, investindo mais e, sobretudo, investindo melhor, como uma aposta decisiva na inovação e na qualidade."O tempo urge", sustentou Cavaco na obtenção dessa excelência no sistema de ensino, a segunda prioridade de 2007. O combate sem tréguas ao insucesso e abandono escolar têm que ter sinais positivos já este ano. Nesta tarefa quer ver empenhados professores, pais e alunos. Só no campo da justiça, o inquilino de Belém reconheceu que em 2006 se reduziu a "crispação" que marcava o sector e lembrou que se conseguiu - depois do seu apelo feito nas comemorações do 25 de Abril -, um entendimento político alargado [o chamado "pacto da Justiça", entre PS e PSD] com vista à credibilização e ao reforço da confiança no sistema judicial. "Dos protagonistas deste sector espera-se um contributo activo para a eficiência do sistema de justiça."Rematados os desafios, a justificação para a "cooperação estratégica" com o Governo, tão patente na entrevista que concedeu recentemente à SIC: "É fundamental que haja um clima de confiança e estabilidade que favoreça o desenvolvimento económico e social, credibilize as instituições e permita a realização de reformas inadiáveis." O PR, sublinha, "tem procurado assegurar as condições políticas para que Portugal siga um caminho de futuro, no respeito pelas opções democráticas dos cidadãos".Os excluídos, os emigrantes e os militares destacados no estrangeiro mereceram ainda a solidariedade das suas últimas palavras de celebração do Ano Novo.

DOIS
Harmonia entre Sócrates e Cavaco vai manter-se?
Pedro Correia
DN Terça, 2 de Janeiro de 2007
Cavaco Silva deve manter em 2007, no Palácio de Belém, o seu tranquilo magistério tutelar do sistema político português. E não custa vaticinar que possa dar novas alegrias ao Governo socialista, na sequência do primeiro ano de feliz coabitação com São Bento.
Isto sucede, desde logo, por uma questão de estilo: Cavaco continuará a fazer questão, durante parte essencial deste seu mandato, em marcar distâncias e acentuar diferenças com Mário Soares, o homem que certamente mais horas de sono lhe roubou quando ele próprio comandava os destinos do Governo, já lá vai mais de uma década. Mas também por uma questão de substância: o inquilino de Belém acredita firmemente nas virtudes da "cooperação estratégica" com uma personalidade como José Sócrates, que de algum modo fala a mesma linguagem. Um veio de Boliqueime, outro é da Covilhã. Pertencem a gerações diferentes, mas partilham a mesma desconfiança atávica perante uma certa classe dirigente lisboeta e gostam ambos de exibir pulso firme.

Cavaco não esconde a admiração pelo impulso reformista que o seu olhar treinado detectou no primeiro-ministro. Este elogio a Sócrates, na recente entrevista televisiva concedida à SIC, fez ranger os dentes a uma certa direita, pouco ginasticada nos desafios da oposição. De qualquer forma, Cavaco promete estar atento à governação. Na mensagem de Ano Novo, o Presidente deixou claro que espera resultados da acção do Executivo já em 2007.

A verdade é que a pose de Cavaco tem seduzido a esquerda. Bloquistas e comunistas, como se tivessem esquecido o que disseram dele durante a campanha presidencial de 2006, apelam agora - num suave tom implorativo - ao veto de Belém à lei das finanças locais, já confirmada por uma sólida maioria parlamentar e pelo Tribunal Constitucional. Mas ninguém parece mais derretido do que os socialistas. Miguel Coelho, líder do PS/Lisboa, deu o tom em entrevista ao Expresso, admitindo apoiar uma recandidatura de Cavaco. Um desvelo digno de fazer ciúmes ao próprio PSD...
A verdade é que Cavaco não perde uma oportunidade de piscar o olho à esquerda em incessantes operações de charme. A primeira dama, Maria Cavaco Silva, chegou a confessar à revista Visão que sempre foi "de centro-esquerda".
Mas a melhor garantia antecipada que Sócrates tem de que não sofrerá curtos-circuitos ditados por Belém em 2007 é a presidência da União Europeia, confiada a Portugal no segundo semestre. Um período que exigirá uma indispensável sintonia entre todos os órgãos de soberania sediados em Lisboa. À atenção dos euroburocratas de Bruxelas.

Este imperativo nacional, aliado à notória falta de entusiasmo de Cavaco perante as manobras da oposição à direita de Sócrates, constitui um evidente seguro de vida da actual maioria socialista. É certo que até a legislatura se esgotar, em 2009, muita água correrá debaixo das pontes e a "cooperação estratégica" poderá dissolver-se em nome de outros interesses. Resta saber se Marques Mendes não terá mais a recear de Belém do que Sócrates quando a boa moeda decidir expulsar a má...