sábado, 27 de abril de 2013

Pozinhos de perlimpimpim

Afinal, a presença do druida Panoramix não passava de boato - o mesmo que as promessas de «croissance» do Presidente socialista francês François Hollande. Os serviços do Congresso socialista desmentem a sua presença, na Feira, logo à noite.

A ideia que corre, agora, insistentemente entre os observadores bem informados é a de que a alternativa socialista será apresentada, a seguir ao jantar, por António José Seguro, em modo Peter Pan, e Maria de Belém, trajando de Sininho, que deslumbrarão Portugal inteiro, incluindo o Palácio de Belém, com o segredo alternativo do PS: pozinhos de perlimpimpim.

Fonte privilegiada obteve mesmo o que assegura ser a gravação do ensaio geral desse "momento mágico". António José Seguro e Maria de Belém terão feito este teste, no Largo do Rato, no passado dia 25 de Abril, depois das cerimónias parlamentares em que Cavaco Silva proferiu um discurso indigesto. Antecipamos esse "momento mágico" em rigoroso exclusivo:


 
Acrescente-se, para os
mal-intencionados, que tudo isto é SCUT, isto é, rigorosamente sem custos para
o utilizador. Segundo nos informam, os trajes de um e de outro (Peter Pan e
Sininho) terão sido postos graciosamente à disposição da Comissão Organizadora
do Congresso pelos promotores do Carnaval de Ovar.
por José Ribeiro e Castro no Avenida da Liberdade

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Vão cortar à bruta...

No dia em que a troika regressa a Portugal para terminar a sétima avaliação do programa de ajustamento português, Silva Lopes disse à Rádio Renascença, que os responsáveis internacionais “vêm cá dizer que nós temos de arranjar maneira de pôr o défice dentro do nível” que estava a acordado, “ou seja, que temos de cortar despesas em grande quantidade para compensar a perda que resultou da decisão do Tribunal Constitucional.”
“Vai ser complicado. Vão cortar à bruta”, salientou Silva Lopes. “Acho que a decisão do Tribunal Constitucional vai custar-nos muito, muito caro”, acrescentou Silva Lopes

ana bela da sic...

...
Agora vou citar-vos o que preocupa a reportagem de Anabela Neves, da Sic, em Bogotá, Colômbia: diz Anabela Neves que este presidente da República, que tanto aconselhou convergência e diálogo político no ataque à crise, poderia querer comentar um convite de Passos Coelho a Seguro, mas que não, Cavaco Silva nada respondeu sobre isto às inquirições da repórter. Ou seja, a repórter inculca que Cavaco deveria pronunciar-se durante uma visita a Bogotá sobre uma minudência acontecida em Lisboa, uma convicção absurda; Cavaco não cai no absurdo de pronunciar-se; e a notícia acaba por ser o facto de o presidente não ter agido como só poderia imaginar a pobre cabecinha da repórter. E é assim: quando o nosso mundo é muito pequenino, a gente nunca viaja realmente. por José Mendonça da Cruz no Corta Fitas

domingo, 14 de abril de 2013

retrato de um democrata...



com tantos comentadores que por ai andam a poluir-nos é estranho que nenhum tenha reparado na comparação com o penúltimo rei!
mas começo a perceber o sentido das arruadas que alguns energúmenos fazem às deslocações do actual presidente…

domingo, 7 de abril de 2013

A lata


por MANUEL MARIA CARRILHO

O contrato com Sócrates para ser comentador semanal no canal público de televisão teve de partir, ou de passar, por Relvas. Isso é óbvio. E só a imagem do que terá sido essa negociação a dois dá uma ideia arrepiante, mas bem clara, do estado de degradação extrema a que chegou o regime.

É uma contratação que infelizmente não surpreende porque, na verdade, José Sócrates e Miguel Relvas são políticos siameses. Se olharmos bem para o perfil e para o percurso de um e de outro, a conclusão impõe-se como evidente. E muitas coisas estranhas se tornam, de repente, claras e compreensíveis.

A história da licenciatura de Relvas foi o primeiro sinal de uma semelhança que se revela bem mais funda: o mesmo fascínio pelo mundo dos negócios, o mesmo desprezo pela cultura e pelo mérito, o mesmo tipo de relação com a comunicação social, o mesmo apego sem princípios ao poder e, acima de tudo, a mesma lata, uma gigantesca lata! Só falta mesmo ver também Sócrates a trautear a "Grândola, Vila Morena", mas por este andar lá chegaremos...

O contrato com a RTP vem, de resto, acentuar mais uma convergência entre Sócrates e Relvas, e num ponto político extremamente sensível, que é o da conceção de serviço público de televisão. Porque, com este contrato, Sócrates aparece a cobrir inteiramente a devastação feita por Relvas no sector, e a bloquear tudo o que o PS pretenda dizer ou propor sobre o assunto. E quem cauciona o que Relvas fez aqui, cauciona tudo.

O que Sócrates deve fazer é assumir as suas responsabilidades na crise, e pedir desculpa aos portugueses - e para isso basta uma entrevista pontual, sóbria, esclarecedora e responsável. É isso que os Portugueses merecem, é disso que a nossa democracia precisa, e é a isso que o Partido Socialista tem direito. Ficar a pastar nos comentários, pelo contrário, é puro circo político, e do pior: é usar o horário nobre do serviço público de televisão para jogadas de baixa política e de pura revanche política pessoal.

Como já há tempos afirmei, Sócrates e Relvas são sem dúvida os dois políticos que mais contribuíram para a crise moral, e de confiança, que o País atravessa. Uma crise que veio agudizar todas as suspeitas com que os cidadãos olham para as suas elites dirigentes e para o continuado fracasso da sua ação.

São casos que a radical mediatização dos nossos dias facilita. Nomeadamente, porque ela abriu as portas à irrupção de um novo tipo de político, que trocou o retrato de cidadão esforçado, reservado e responsável de outros tempos, por um perfil em que o traço dominante é, simplesmente, o da lata.

E essa lata, é o quê? É sobretudo a expressão de uma afirmação pessoal sem limites de qualquer ordem, que tudo arrasa no seu caminho, num júbilo mais ou menos histérico que dispensa qualificações ou convicções que não sejam de ordem psicológica ou comunicacional. Daí, naturalmente, a excitação voluntarista e a encenação estridente que sempre a acompanham.

A lata não é certamente um exclusivo dos políticos, mas tem neles um terreno de exceção. Ela aparece hoje como um traço específico do que alguns autores têm diagnosticado como a "nova economia psíquica" do nosso tempo. É isso que leva muita gente a ver neles verdadeiros mutantes, e a lamentar nostalgicamente que, na política, tenham desaparecido os verdadeiros líderes...

Mas seja ou não de mutantes que se trata, é preciso reconhecer que os "políticos de lata" estão em sintonia com muitas transformações do mundo contemporâneo, e que é por isso que eles suscitam inegáveis apoios e vivas controvérsias. Figuras maiores, bem ilustrativas deste fenómeno, são Sílvio Berlusconi ou Nicolas Sarkozy.

São sempre criaturas mitómanas, destituídas de superego e, portanto, de sentido de culpa ou de responsabilidade. Revelam uma contumaz incapacidade de lidar com a frustração, que é, como Freud bem ensinou, onde começam todas as patologias verdadeiramente graves.

Com eles, tudo se dissolve num narcisismo amoral, quase delinquente, que vive entre a alucinação de todos os possíveis e a rejeição de quaisquer limites. Eles estão pois muito em linha com o paradigma do ilimitado que tem anestesiado e minado o mundo nas últimas décadas.

A lata tornou-se, deste modo, num traço político muito frequente, que anima os mais variados, e lamentáveis, tipos de voluntarismo. Não admira pois que os políticos de lata se singularizem, não pela sua dedicação a causas ou a convicções, mas pelos intermináveis casos em que se envolvem e são envolvidos.

É também por isso que eles têm sempre que tentar voltar - foi assim com Berlusconi, é o que se tem visto com Sarkozy, chegou a vez de José Sócrates. Não resistem... e todos encenam, para disfarçar a sua doentia obsessão com o poder, umas travessias do deserto mais ou menos culturais... Berlusconi com a música, Sarkozy com a literatura e o teatro, Sócrates com a filosofia.

Mas o seu compulsivo "comeback" acaba sempre por se impor, porque ele é o tributo que eles têm que pagar à sua tão vazia como ilimitada mitomania. Com consequências, atenção, que já conduziram várias sociedades e diversos países às piores tragédias. Esperemos que não seja esse, desta vez, o caso - mas o aviso aqui fica!...

 

O primeiro tempo de antena de Sócrates na RTP


Sócrates acaba de dizer na RTP1, no tempo de antena que o senhor da Ponte lhe arranjou, que o primeiro-ministro na declaração que hoje prestou, encarou o tribunal Constitucional como um inimigo político e que tal constitui um erro porque o tribunal até "foi muito tolerante" para com o governo.
 
Só isto basta para dizer que este inenarrável nada mudou. Dizer que o tribunal "foi muito tolerante com o governo" é uma patacoada de tal ordem que desqualifica este indivíduo para comentar seja o que for.
 
Sócrates volta ao assunto da licenciatura...para se demarcar do caso Relvas. Para dizer que fez a sua licenciatura sem carecer de qualquer equivalência...e conclui que a sua licenciatura foi investigada pelo Ministério Público e que não lhe detectou qualquer irregularidade. Este aldrabão ( neste caso é mesmo disso que se trata) nem percebeu que o MP não investigou estritamente a tal regularidade da licenciatura ( tal poderia ser feito pelo tribunal administrativo se o seu ministro Gago tivesse feito o que o ministro Crato fez em relação a Relvas, mas não fez porque o processo ficou logo encerrado e fechado a sete chaves com o encerramento da universidade, numa jogada adequada a tal efeito). O que o MP investigou foi a ocorrência de eventual crime. Ora nem tal se apurou porque nem foi devidamente investigada a falsificação de documento e uso de documento falso ocorrido na AR com a ficha biográfica do então deputado José Sócrates. Sobre isso que tem Sócrates a dizer? Que não se lembra?
 
"Qualquer comparação ofende-me", acaba por dizer este Inenarrável.
 
Comentário: o professor Rui Verde deveria ser entrevistado a seguir para aquela coisa que os jornalistas conhecem: fact checking. Do you understand miss Esteves?
 
No. You don´t.  no Porta da Loja

sexta-feira, 5 de abril de 2013

um tratamento exemplar


A forma como Nuno Crato tratou este dossier é exemplar. E não me recordo de um precedente semelhante na história da democracia portuguesa. Conheço Nuno Crato há quase 40 anos, trabalhei com ele na juventude e somos amigos, por isso nunca duvidei que ele actuaria de forma totalmente séria. Mas como Portugal é o que é - e em Portugal inquéritos como este, quando existem, acabam geralmente sem conclusões. Não aconteceu desta vez. Um ministro foi obrigado a demitir-se porque um outro ministro realizou um inquérito, levou-o até ao fim e não teve medo das conclusões. Mais: o primeiro-ministro não deu ordem de veto de gaveta, permitiu que o processo fosse até ao fim. É bom recordar que ainda há poucos anos se considerava uma cabala levantar dúvidas sobre a validade de cadeiras terminadas a um domingo ou resolvidas através de provas mais amanhadas. Foi com Sócrates e o ministro de então nem sequer abriu um inquérito. Aproveitou foi para fechar essa universidade e por uma pedra em cima do assunto. É bom ter memória e é bom saber que, no meu país, nem tudo continua igual ao que sempre foi. Obrigado amigo Crato.  José Manuel Fernandes no Facebook

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Obrigada Tribunal Constitucional, obrigada senhor Presidente e obrigada PS

O risco político que estão a provocar está a fazer disparar os juros da obrigações do tesouro a 10 anos, no mercado secundário. Isto é, estão a encarecer o financiamento do Estado nos mercados financeiros. A subida das yields das obrigações soberanas portuguesas estão a provocar uma hecatombe na bolsa portuguesa. Os bancos estão a levar uma tareira.
Tudo graças à instabilidade política que assombra o país, por causa do Senhor Presidente da República que está zangado com o corte este ano da sua pensão, e vai de mandar o Orçamento da República para o Tribunal Constitucional. Graças ao Tribunal Constitucional que também está preocupado com as pensões dos seus juízes e ameaçam paralisar o país, que não pode ser gerido sem orçamento e não se pode financiar sem mercados. O que vai levar a que Portugal seja obrigado a pedir outro resgate à troika e a aumentar as medidas de austeridade. Obrigada PS que está neste momento na Assembleia da República a discutir uma moção de censura ao Governo que só serve para alimentar a instabilidade política e para tentar provocar a queda do Governo. Para quê? Para irem para o poleiro do poder, para irem para lá fazer o mesmo ou pior, porque como já se viu no Chipre, serve de muito bater o pé à troika. O Chipre também chumbou o resgate por causa de umas taxas aos depósitos, mas depois, sem alternativa, tiveram de aceitar o resgate e agora quem tem mais de 100 mil euros no banco não paga 10% paga 40% que é para aprender.
... por Maria Teixeira Alves no Corta-Fitas