Merecem
voltar à dimensão do táxi
Seja
porque integra as “elites(?)
disfuncionais” e não tenha ainda interiorizado o que é um país falido, seja
pela sua natureza intrínseca que o leva a espetar sempre o ferrão, certo é que
a obsessão de Portas passa por se esquivar aos “flocos de neve” da austeridade
e minimizar os danos eleitorais.
Este comunicado
é a parte II de toda a encenação iniciada com a conferência de imprensa de 16
de Setembro sobre a TSU. O tom é o mesmo, as eternas “razões patrióticas” que o
levam a engolir sapos, se dependesse dele jamais haveria tratamentos com dor,
ele valida-os porque a força está com os “maus da fita”, mas está contra, que
isso fique bem claro.
Acontece
que os eleitores não são propriamente uma corja de canastrões ignorantes como a
“Corte” sempre os considerou desde os primórdios da revolução “liberal”. A aferir
pela amostra das recentes Regionais dos Açores,
eles não estarão dispostos a premiar atitudes traiçoeiras ou posturas ubíquas:
o CDS foi, de longe, o partido que mais desceu e o seu parceiro de coligação pró-austeridade,
o que mais subiu.
Mas
o dito comunicado
tem algo de positivo, mostra à saciedade a impotência de Portas e do seu
partido em criar algo, em corporizar alguma mudança substantiva. Basta ler o
seu ponto
3. (bold meu):
Em
coerência com o esforço feito dentro do Governo, e em articulação no quadro da
maioria, o Grupo Parlamentar do CDS contribuirá para melhorar aspectos do Orçamento
de Estado até à conclusão do respectivo processo.
Interessa-lhes
a forma e não o conteúdo. Que ninguém se iluda que daquele lado sairá alguma
proposta relevante de redução da despesa que vá para além da proibição de
gravatas no Verão ou da obrigatoriedade de samarras no Inverno. Portas e o CDS
têm todos os vícios do regime e encaram o poder como o instrumento privilegiado
para a compra de votos e consolidação de clientelas, algo incompatível com cortes
de despesa. Manterão sempre um pé neste governo, mas prontos e disponíveis para
integrarem o próximo.
Ainda
não entenderam que o mundo mudou e o dinheiro se esgotou. Merecem voltar à
dimensão do táxi. por LR
no Blasfémias
Paulo Portas:
agarrado ao tacho
O
líder do CDS-PP está a desperdiçar a confiança do seu eleitorado ao enveredar
por uma aventura cujo desfecho foi antecipado por todos. E não vale a pena vir
a terreiro com o paleio estafado do patrioteirismo. Muita ambição com maus
conselheiros dá sempre para o torto. Até com um governo que passa a vida a
desbaratar a credibilidade de algumas medidas por causa dos amigos e das
clientelas. por Rui
Costa Pinto no mais
actual
Da
coligação
1. Primeiro, um
reconhecimento: não contava que o CDS fizesse a figura triste que está a fazer
e nunca achei que por esta altura fossem divergências entre os dois partidos da
coligação que estivessem à beira de lançar o país numa crise política. Sobre as
minhas limitações enquanto analista, estamos conversados. Dito isto,
permitam-me reafirmar que não temo a crise política, se ela tiver de vir, que
venha. Mais ainda: defendi que Passos Coelho devia ter-se demitido, alegando
não ter capacidade para seguir o caminho que tinha escolhido para o país, logo
após a decisão do Tribunal Constitucional. O meu único receio é que à pala da
conversa da crise política, entreguem o poder a um qualquer Monti sem que este
tenha de vir a uma campanha eleitoral explicar-me o que pretende fazer.
2. Este texto do Henrique
Raposo, secundado pela Maria
João Marques, é um bom ponto de partida para discutir o ar que se respira
hoje em Portugal. Entendamo-nos, não é o provocar da crise política que tornará
o CDS irresponsável, mas antes o facto de não ter uma verdadeira alternativa ao
que está a ser feito. Se tem, alguém que me explique qual é. Depois, escreve o
Henrique, que este é um «orçamento injusto e que protege o status quo». Em
parte terá razão, mas torno a interrogar: que propostas tem o CDS, ou quem quer
que queira chumbar o actual orçamento, para o tornar mais justo? Que outros
cortes na despesa/aumentos da receita propõe o CDS enquanto partido do Governo
e que Vítor Gaspar não tem aceite? O ar está cheio de retórica e politiquice,
mas de concreto, nada. Não me peçam para elogiar isso, porque por norma não
elogio o vazio. Como pequena nota de rodapé, acrescente-se que o mesmo Henrique
que sinaliza a irresponsabilidade das estradas que foram construídas, refere-se
ao OE para 2013 como um que defende o status quo, talvez ainda não tenha
reparado que a construção de estradas parou e as empresas de construção civil
estão quase todas à beira da falência. Um pormenor, certamente. Mas estando
numa de elogios e de status quo, permitam-me fazer o elogio do Álvaro e o
desprezo da Cristas.
3. Para terminar, quer-me
parecer que a história que se desenrola agora tem algumas semelhanças com a que
se desenrolou entre Sócrates e Passos Coelho no período 2010-11. Só muda o
facto de Passos ter passado a desempenhar o papel que coube a Sócrates e Portas
o que era de Passos. Da outra vez, houve um jogo do gato e do rato para apurar
quem ficava com a responsabilidade de termos recorrido à troika, quando era
certo que a troika, mais cedo ou mais tarde, viria. Agora, andam num jogo do
gato e do rato para saber quem fica com a responsabilidade de um «segundo
resgate» - perdão de dívida incluído? - quando tal começa a assumir
contornos de inevitabilidade. Um jogo que tem, para mim, muito pouco interesse.
por Mr.
Brown n’ Os Comediantes
Miguel Relvas: "Não há
espaço para estados de alma"
O ministro Adjunto e dos
Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, deixou nesta quinta-feira, na Assembleia
da República, o que pareceu ser um recado às bancadas da maioria e ao ministro
Paulo Portas, ao afirmar que não há espaço para "estados de alma" nem
para "países imaginários”. por Rita Brandão Guerra no Publico