terça-feira, 24 de abril de 2012

Álvaro Cunhal não era um democrata


(...) A partir do seu trono parisiense, Álvaro Cunhal deu ordens para o partido ter cuidado com o movimento do MFA. Sucede que a liderança interna (Carlos Brito) resistiu a esta relutância cunhalista. A resistência foi tanta que Álvaro Cunhal, em Março de 74, tentou pôr ordem na casa através da convocação de um plenário do Comité Central a ter lugar na URSS em Setembro. Ou seja, Cunhal queria travar o 25 de Abril ou, pelo menos, queria retirar o apoio do PCP ao dito golpe (...)

(...) Em vários colóquios internacionais, Carrillo dizia que Franco cairia pacificamente e que esse dominó de transição democrática acabaria por atingir o Estado Novo. Cunhal respondia a isto com irritação, dado que encarava Carrillo como um totó. O Generalíssimo do PCP só reconhecia a linguagem da violência, só acreditava na via armada controlada pelo PCP. A ideia de uma transição pacífica e aberta a todos (e não apenas ao PCP) implicava encarar as outras forças com respeito (...) 
por Henrique Raposo  no Clube das Republicas Mortas 

Henrique Raposo tem 30 anos. Ainda não era nascido aquando do 25 de Abril e dificilmente poderá imaginar que, sem o 25 de Novembro, poderia ter escrito e publicado este texto...