No áudio do artigo, vindo de uma
pessoa informada e honesta, nas antípodas do burlão Baptista da Silva, o que
nos tempos que correm não é pouco: «Há coisas
que me deixam muito transtornado porque não sei qual é a solução. Sei que tem
que haver uma solução, mas quer para um lado, quer para o outro, a solução é
terrível». Por contraste, este discurso
é que é uma verdadeira ofensa aos portugueses, pois ilude e foge ao essencial.
Neste país, tudo o que aponte para as escolhas difíceis que, mais cedo ou mais
tarde, teremos de fazer, gera este ruído insuportável.
Uns comediantes, e não há melhor
designação para aqueles a quem me refiro, até usam o pretexto do relatório do
FMI para pedir, ou sugerir, ao Governo que se demita.
A sério? Um relatoriozinho do FMI
merece essa importância? Se é para pedir a demissão do Governo, peçam-na pelas
políticas que já aplicou, como o brutal aumento de impostos presente no OE2013.
Ah! Claro que pedir a demissão do
Governo por isso seria ridiculo por parte da esquerda que sonha com aumentos de
impostos a toda a hora para acomodar mais e mais despesa; pior ainda se vindo
da parte daqueles que se seguiriam no poder e que garantidamente vão manter a
carga fiscal intacta ou revista para cima.
Enfim, nada melhor do que a mera
possibilidade do Governo começar a cortar na despesa a sério, para se gerar
esta barulheira. E o ruído no fim tem a sua utilidade suprema: não é debate que
eles querem, o fundamental para estes políticos mediocres e tolos é fugir à
necessidade que se impunha de nos dizerem quais seriam as escolhas deles. Mas
como todo o político mediocre e tolo descobre quando chega ao poder: governar é
fazer escolhas. Passos descobriu isso e o Tó Zé descobrirá o mesmo. Entretanto,
Tó Zé e companhia vão-nos entretendo com um mar pegado de disparates e
banalidades. Até o dia... in Os Comediantes