A Batalha de La Lys, ocurreu a 9 de Abril de 1918, na região da Flandres, no sector de Ypres.
Nesta batalha, que marcou a participação de Portugal na Primeira Guerra Mundial, os exércitos alemães, provocaram uma estrondosa derrota às tropas portuguesas, constituindo a maior catástrofe militar portuguesa depois da batalha de Alcácer-Quibir, em 1578.
A 2ª divisão do CEP, constituída por cerca de 20.000 homens, dos quais somente pouco mais de 15.000 estavam nas primeiras linhas, comandados pelo general Gomes da Costa, viu-se impotente para aguentar o embate das 4 divisões alemãs, do 6º exército, com cerca de 50.000 homens comandados pelo general Ferdinand von Quast (1850-1934). Essa ofensiva alemã, montada por Ludendorff, ficou conhecida como ofensiva “Georgette”. As tropas portuguesas só em 4 horas de batalha perderam cerca de 7.500 homens entre mortos, feridos, desaparecidos e prisioneiros, ou seja mais de um terço dos efectivos.
Entre as diversas razões para esta derrota tão evidente, têm sido citadas, por diversos historiadores, as seguintes:
A revolução havida no mês de Dezembro de 1917, em Lisboa, que colocou na Presidência da República o Major Doutor Sidónio Pais o qual alterou profundamente a política de beligerância prosseguida antes pelo Partido Democrático.
A chamada a Lisboa, por ordem de Sidónio Pais, de muitos oficiais com experiência de guerra ou por razões de perseguição política ou de favor político.
Devido à falta de barcos, as tropas não foram rendidas, o que provocou um grande desânimo nos soldados. Além disso, alguns oficiais, com maior poder económico e de influência, conseguiram regressar a Portugal, mas não voltaram para ocupar os seus postos.
O moral do exército era tão baixo que houve insubordinações, deserção e suicídios.
O armamento alemão era muito melhor em qualidade e quantidade do que o usado pelas
tropas portuguesas o qual, no entanto, era igual ao das tropas britânicas.
O ataque alemão deu-se no dia em que as tropas lusas tinham recebido ordens para, finalmente, serem deslocadas para posições mais à retaguarda.
O resultado da batalha já era esperado por oficiais responsáveis dentro do CEP, Gomes da Costa e Sinel de Cordes, que por diversas vezes tinham comunicado ao governo português o estado calamitoso das tropas.
Primeira Guerra Mundial
Em Portugal, foi o General Norton de Matos, Ministro da Guerra entre 1915 e 1917, com a colaboração do General Tamagnini, o responsável pela organização do Corpo Expedicionário Português, no centro de instrução de Tancos (o chamado milagre de Tancos) que tão depressa e bem (de acordo com relatórios oficiais) se transformaram em soldados aptos e capazes para um conflito duro homens que, pouco tempo antes, tinham uma vida civil, pacata e tranquila.
Ao chegarem à Frente Ocidental as tropas portuguesas adaptaram-se rapidamente à guerra de trincheiras, mostrando grande eficiência e espírito combativo. No entanto as condições foram piorando ao longo dos tempos, sobretudo devido à falta de reforços que impediam a substituição e descanso das tropas. Esta situação era agravada por outros factores tais como o Inverno frio e húmido, muito diferente do que o que os portugueses estavam habituados. As condições foram-se agravando a tal ponto que o Comando do 1º Exército Britânico decidiu a rendição das tropas portuguesas por tropas britânicas, com o objectivo de permitir o descanso daquelas. É justamente no dia previsto para a rendição do CEP que se dá a ofensiva alemã e a Batalha do Lys, apanhando as forças portuguesas numa posição completamente desfavorável.
Com a ofensiva "Georgette" dos alemães, montada por Ludendorff, os portugueses, não motivados e muito mal preparados, acabaram por sofrer uma derrota estrondosa na Batalha de La Lys (sector de Ypres), em 9 de Abril de 1918, logo após a derrota do Exército Britânico em Arras. Não se pode definir um tempo de duração da fase inicial da ofensiva do Lys sobre a 2.ª Divisão do CEP, contudo, tendo começado o bombardeamento preparatório às 4h15 da madrugada de 9 de Abril, a última resistência dos Portugueses só cessou próximo do meio-dia de 10, em Lacouture. Os Portugueses tiveram cerca de 7.000 baixas, sendo que o maior número foi de prisioneiros por terem sido cercados pelos flancos da Divisão, como se comprova pelo facto de os Alemães lhes surgirem pela retaguarda, próximo das 11 horas da manhã. Essa derrota já era esperada pelo comandante do CEP general Fernando Tamagnini de Abreu e Silva e pelo comandante da 2.ª Divisão Gomes da Costa e pelo Chefe do Estado-Maior do Corpo Sinel de Cordes, que por diversas vezes avisaram o governo de Portugal e o comando do 1º Exército Britânico, das dificuldades existentes.
O envio do CEP para França tinha sido motivo de desacordo interno entre os vários departamentos do Governo Britânico e o Governo Francês. Enquanto que o Governo Francês e o Ministério da Guerra Britânico (War Office) se mostravam bastante favoráveis à ajuda portuguesa (originalmente tinha sido o Governo Francês a pedir ajuda a Portugal logo no início da guerra), o Ministério do Exterior Britânico (Foreign Office) opunha-se, por razões políticas, à mesma ajuda.
A estadia do CEP em França foi sempre muito atribulada, não tendo havido a substituição de efectivos, devido aos navios britânicos necessários para isso, terem sido requisitados para o transporte das tropas americanas para a Europa e porque alguns dos oficiais que conseguiam vir a Portugal, já não voltavam para o seu posto em França.
Apesar da Batalha de La Lys ter sido, em termos tácticos imediatos, uma derrota para o CEP, a mesma acabou por dar origem a uma vitória estratégica para as forças aliadas. A resistência das forças portuguesas foi muito desigual mas globalmente ténue, o que se justifica pelo estado de fatiga e desmotivação do CEP causado pelo tempo excessivo passado nas linhas da frente. A ordem inglesa de "morrer na linha B" não foi cumprida.
De qualquer forma o ímpeto do ataque germânico foi-se perdendo e a sua progressão foi atrasada impedindo que o Exército Alemão alcançasse os seus objectivos estratégicos.
Após La Lys, o governo de Sidónio Pais afirmou tentar enviar mais 10 a 15 mil homens, mas esse envio nem nunca foi efectivamente concretizado nem o Governo inglês disponibilizou navios para efectuar o transporte por os ter empenhados no transporte dos exércitos americanos para a Europa. As forças portuguesas perderam importância perante os novos reforços, que se revelariam decisivos para o desfecho da Primeira Guerra Mundial.
Apesar dos reforços não terem sido enviados, no final da guerra, com os restos do CEP ainda se conseguiu organizar alguns Batalhões que tomaram parte nas últimas operações que levaram à vitória final aliada. Wikipédia, a enciclopédia livre.