terça-feira, 5 de outubro de 2010

Quem paga a crise?

Olhando com rigor para os três pacotes de medidas de austeridade (PEC1, PEC2 e PEC3), a conclusão é simples: quanto mais fraco, mais paga.
Por cada 10 euros desta pesada factura, 6 euros são pagos pelo que se denomina no gráfico como "toda a população": cortes nos salários e em todos os apoios sociais, aumentos sucessivos do IVA, etc. Ou seja, 60% de toda a austeridade é sustentada pelos sectores mais frágeis da população.
A retracção da actividade do Estado (nos serviços públicos, nos investimentos - retirando já os valores correspondentes aos cortes salariais) corrresponde a outros 3 euros da factura. Ou seja, 30% da austeridade significa a degradação do instrumento colectivo que garante igualdade e qualidade de vida.
Falta 1 euro. Esse, para não parecer mal, vai ser pago pelos culpados da crise. Apenas 10% da factura para banca, empresas, detentores dos maiores rendimentos e investidores. Não mais do que um décimo da austeridade para quem desgraçou a economia e a vida concreta de milhões de pessoas e, diga-se de passagem, continua a lucrar com a crise. É demasiado evidente. Amontoam-se comentadores e analistas, acotovelando-se na TV e em todo o lado para nos tentar convencer que isto era inevitável. Percebe-se porquê: a mentira é demasiado evidente e há milhões em desespero e a pagar a acumulação de meia dúzia.
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