Anders Behring Breivik afirma-se como "nacionalista" e "fundamentalista cristão". Abomina a "islamização" da Europa, que julga permitida pelo multiculturalismo, promovido pelo liberalismo, introduzido pelo marxismo. Acha que devia atacar o coração desse processo "degenerativo" - os marxistas e os seus filhos (os líderes eventuais de amanhã, reunidos em confraternização partidária) - e que seria sua missão dar um exemplo de violência redentora, que pudesse ser depois repetido por essa Europa fora. Produziu um documento com as razões circunstanciadas da sua revolta - uma declaração de guerra que responde, no mesmo tom, à que Bin Laden fez ao Ocidente nos anos 90, e um programa de acção do tipo Mein Kampf (já deve estar em todas as inboxes da extrema-direita, aposto que acompanhada de e-mails com doses cavalares de pontos de exclamação).
Apesar de ter pensado mais como Travis Bickle do que como líder de organização militarista, a sua actuação deve ser tratada, do ponto de vista de quem julga e condena o terrorismo, como fundamentalmente semelhante à de um franchisado da Al Qaeda.
No entanto, algo me diz que desta vez seremos poupado à lenga-lenga das "causas mais profundas do terrorismo". Ainda bem. A Justiça não será atrapalhada pelo arrependimento antropológico ocidental. por Francisco Mendes da Silva no 31 da Armada