sexta-feira, 1 de julho de 2011

melões

Com este anúncio, o executivo de Passos Coelho não deu nem esperança nem exemplo, como as vacuidades ontem afirmadas em matéria de redução de despesa são representativas. No que realmente interessa, Passos Coelho começa mal. E com mais duas ou três destas perderá a rua…e sem rua perderá o País.
Para concluir, tenho três observações específicas a fazer. Primeiro, para afirmar que os dados do INE não foram assim tão surpreendentes quanto isso. É que, como o Primeiro-Ministro ontem afirmou e muito bem, a despesa primária do Estado vinha a ser reduzida aquém do previsto, por isso, incluindo o Estado Paralelo – hoje, o verdadeiro cancro da nossa sociedade – seria de esperar que existissem surpresas negativas. E não seria preciso qualquer dom de adivinhação; bastaria consultar as diferenças que os diferentes métodos do INE e da DGO têm produzido ao longo dos anos. Ou seja, a argumentação justificativa do imposto extraordinário não colhe a minha simpatia, to say the least. Segunda observação: ao Ministro das Finanças, não obstante a sua boa intervenção parlamentar de ontem, exigir-se-ia a apresentação imediata de um plano de racionalização do Estado Paralelo e da Administração Pública que, presume-se, o gabinete de estudos liderado por Carlos Moedas já teve mais do que tempo para preparar. Aliás, pegue-se no livro de Álvaro Santos Pereira, publicado em Abril, e leia-se o extenso capítulo dedicado, em exclusivo e em detalhe, a este assunto e que conta com três assinaturas: o agora ministro da Economia, Carlos Moedas e Alexandre Patrício Gouveia. Sendo certo que o Ministro das Finanças, Vítor Gaspar, poderá não concordar com tudo o que lá está, presumo que a maioria das sugestões merecerá a sua concordância. Por fim, como terceira observação, como é da praxe em Portugal, e pela enésima vez, o manifesto eleitoral, sufragado e aprovado pelo povo nas legislativas, foi adulterado a posteriori. Nem PSD nem CDS estipulavam a introdução de um imposto extraordinário desta natureza. Ora, num país decente, este seria motivo para impeachment, pois, por mais transparência e frontalidade no discurso – de louvar, diga-se –, a verdade é que o povo não estava à espera disto. Enfim, é por estas e por outras que urge instituir no nosso País uma cultura de shadow government, já que sem isso nunca saberemos se os novos governos serão como os melões de Almeirim ou como os melões de outro sítio qualquerpor Ricardo Arroja n’ O Insurgente