terça-feira, 15 de novembro de 2011

A Mercadocracia

Em poucos dias, os primeiros-ministros grego e italiano saíram de cena. George Papandreou e o Silvio Berlusconi deram lugar a Lucas Papademos e a Mario Monti. Os seus governos cairam perante a ameaça de aprofundamento da crise nos seus países. E tal não aconteceu por expressão do voto popular. Não aconteceu também porque uma qualquer instituição política do seu país, como a Presidência da República, tenha condenado as suas políticas e os tenha considerado incapazes de continuar a governar os seus países. Papandreou e Belusconi caíram porque as taxas de juro da dívida dos seus países assim o determinaram. Cairam porque os mercados andavam nervosos e depressa foi-lhes indicada a porta da saída. Ainda tentaram resistir, mas o seu esforço adivinhava-se desde logo inglório.
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A supremacia da economia sobre a política, ou do capital sobre o povo, não é um tema novo. Pelo contrário, povoou grande parte das ideologias políticas dos séculos XIX e XX. Eis como, em pleno século XXI, temos um exemplo claríssimo deste tipo de fenómeno. Ninguém esperava que estas dinâmicas desaparecessem nos dias que correm. Quando muito, seria sim expectável que se mantivessem de forma mais dissimulada, menos evidente. Mas não, parece que afinal a tradição ainda é o que era. por João Ricardo Vasconcelos no Activismo de Sofa (Artigo hoje publicado no Açoriano Oriental)