…na minha opinião, o anúncio de ontem representa a vitória da Democracia com ‘D’ grande. Em particular, a vitória daqueles que, como eu, deixaram de acreditar na legitimidade democrática de muitas decisões que se têm tomado, por esse mundo fora, através dos órgãos emanados da chamada democracia representativa. Assim, ao entregar a decisão final sobre os destinos do seu país aos seus concidadãos gregos, Papandreou fez o que a (boa) consciência de qualquer político na sua situação obrigaria a fazer. Venceu, portanto, a noção de “government of the people, by the people, for the people”. E ainda bem.
Agora, há uma coisa que convém salientar: ao contrário do que as sondagens indicam, é importante que os gregos entendam acerca da impossibilidade de, por um lado, conciliar o perdão da dívida e as condições de austeridade que lhe estão associadas e, por outro lado, de assegurar a sua permanência na zona euro. Querer o melhor dos dois mundos, simplesmente, não é possível. Se votarem “Sim”, pelo novo acordo, a austeridade manter-se-á, bem como a exigência de reformas estruturais que, a prazo, curem o problema da falta de competitividade e o défice externo da economia grega (portuguesa). Se, pelo contrário, votarem “Não”, condicionarão a Grécia (Portugal) à saída do euro, sendo quase certo que, antes do regresso a alguma prosperidade, afundarão mais do que aquilo que já afundaram porquanto o défice na balança de pagamentos terá de se ajustar à bruta e instantaneamente. por Ricardo Arroja no Portugal Contemporaneo
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