quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O eco invertido



Quando, por razões naturais ou por dispositivos montados para o efeito, o eco sofre reverberações várias, inverte-se e torna-se indistinguível o som original.
Na Campanha em curso, Alegre decidiu utilizar por sistema o efeito eco invertido. E programou o seu potente aparelho fonador para, de forma automática e imediata, perturbar o sentido e o eco do que Cavaco diz. Forma preguiçosa e fácil de não ter que pensar e de alimentar uma triste caminhada.
Se Cavaco diz sim, logo o aparelho fonador de Alegre diz não. E se Cavaco diz não, o mesmo aparelho logo se apressa a reproduzir o sim.
Se Cavaco salvaguarda o Estado Social, logo o aparelho fonador alegrista reproduz que o quer destruir.
Se Cavaco diz que será o Presidente de todos os portugueses, logo o aparelho fonador alegrista reproduz que Cavaco não tem passado anti-fascista é um perigo para o 25 de Abril. Exclusivo do generoso povo de esquerda.
Se Cavaco diz que a excessiva dívida pública põe em causa a nossa soberania, logo o aparelho fonador alegrista reproduz que Cavaco está ao lado dos grandes especuladores internacionais. E apela à luta contra os homens sem rosto do grande capital financeiro.
Se Cavaco diz que é preciso falar verdade aos portugueses, logo Alegre reproduz que Cavaco quer interferir na política do Governo. Com a qual até Alegre diz que não concorda.
Se Cavaco fala da óbvia crise por que passamos, logo o aparelho fonador alegrista reproduz que o que Cavaco quer é dissolver o Parlamento e convocar novas eleições.
Forma preguiçosa e fácil, esta, de fazer campanha eleitoral. Alegre deixou de pensar. Apenas se limita a reproduzir o contrário do que Cavaco diz. Transformou-se num eco invertido. posted by Pinho Cardão no 4R - Quarta República

mais que uma notável análise, este post, para ter em atenção, é uma lição de e para a Comunicação (ou de como ela não deve ser feita!)