Nos dias que correm surgiu um novo conceito. Mais abrangente, porque todas as esquerdas o reivindicam, e que consiste numa auto-proclamada superioridade intelectual de todos os que se consideram portadores dos ideais de esquerda. Seja lá isso o que for. Para uma certa gente, que normalmente escreve em jornais e blogues, vai à televisão ou aparece em manifestações a encher o peito que nem um peru, as suas convicções são as únicas verdades e, de tão óbvias que as consideram, nem se lhes afigura possível que alguém em seu perfeito juízo as possa colocar em causa. Para eles a “direita”, ou seja todos os que não comunguem das suas certezas, não passam de mentecaptos, verdadeiros malvados que apenas desejam o mal do próximo e de criaturas inferiores a quem não foi concedido o privilégio de ver a luz.
Esta mania – doença mental é capaz de ser mais apropriado – atinge o auge na blogosfera. Quem ousa discordar da opinião do autor, ainda que manifeste a sua diferença de pensamento de forma cordata, é quase sempre considerado – ou melhor, desconsiderado – como um analfabeto, alguém que não percebe a genialidade da tese exposta ou um porco fascista da pior espécie que devia ter vergonha das opiniões parvas que anda por aí a vomitar. Trata-se, quase sempre, de uma certa esquerda caviar, burra, ignorante, que das dificuldades da vida pouco sabe e para quem o maior problema é escolher a marca do uísque com que se vai embebedar. Deve ser por isso que as suas ideias cativam tantas pessoas em todo o mundo. Embora, em alguns dos países que essa malta mais aprecia, exista gente “cativa” por causa delas… por Kruzes Kanhoto