«Sim, mas o que ele não disse foi (inserir aqui)» ou novo contributo para a cartilha da desinformação
Uma das formas mais comuns que a comunicação social socialista tem de apresentar como irrelevante qualquer notícia do actual governo é juntar a essa notícia um parágrafo final dizendo que há outra coisa qualquer que o governo não disse. A tal coisa «que ele não disse» pode ser até descabida, despropositada, essa omissão pode até ser mentira. Não interessa. O que interessa é deixar a ideia de que o governo não faz o seu trabalho ou só o faz com graves lacunas.
Podemos praticar com alguns exemplos.
…
Ontem, após o discurso de abertura de Passos Coelho, no Congresso do PSD, Teresa de Sousa gabou o empenho europeu do primeiro-ministro, mas logo acrescentou que pena é que não se ouça uma palavra nem se veja um gesto de aposta na nossa opção atlântica. Pouco interessa que evidências recentes e repetidas desmintam ululantemente Teresa de Sousa (acaso se farão através do Pacífico os investimentos portugueses no Brasil, os investimentos brasileiros em Portugal, as crescentes relações económicas com Angola, as visitas oficiais?). O que interessa é que Teresa de Sousa diz que não há Atlântico.
Ontem ainda, na TVi - e vejam como o zelo pró-socialista pode ser engraçado - Constança Cunha e Sá dizia o exacto contrário de Teresa de Sousa, e encrespava-se (está, hoje em dia, permanentemente encrespada) porque ao primeiro-ministro Passos Coelho não se tinha ouvido uma palavra sobre a Europa. Não são vapores de distracção. É mesmo como a cartilha manda. É verdade que, minutos depois, Constança disse que o Congresso também não tratara do país, do desemprego, da economia, dos problemas, dos portugueses. Mas para isso já tem a desculpa da hora tardia.