... incorrecto
Falar claro
Há precisamente um ano Cavaco Silva tomava posse como Presidente da República para um segundo mandato. Reeleito à primeira volta, o Presidente proferiu na altura um notável discurso sobre o "estado da nação". No prefácio ao sexto volume dos Roteiros, Cavaco retoma o registo eminentemente político da sua magistratura. Faz bem. É para isso que elegemos o Chefe de Estado, desde 1976, por sufrágio directo, universal e secreto. Apesar de algumas infelicidades circunstanciais neste primeiro ano do novo mandato, Cavaco Silva estará sempre acima da tagarelice e do frenesim dos fazedores de opinião fácil. Intuiu o fundamental, como se viu nas eleições de 5 de Junho de 2011, e a vida pública nacional precisa, mais do que nunca, de um PR "político" que fale claro. Parabéns. por João Gonçalves no Portugal dos Pequeninos
... correcto
É uma tentação
E poucos são aqueles que têm sabido resistir-lhe: ajustar contas com o passado (ou com os adversários) escrevendo autobiografias que só servem para alimentar o ego e relatar episódios que, em princípio, são desconhecidos do grande público.
Há também esta moda dos presidentes compilarem discursos e, moda mais recente, de tentarem fazer um balanço autobiográfico das suas viagens, passeios ou "roteiros". Aquilo que deveria ser o tronco essencial das "memórias" reparte-se assim por vários volumes, de consulta e efeito rápidos.
O caso de Cavaco Silva torna-se mais grave, pois decidiu-se a "fazer história" num prefácio de duvidosa oportunidade. Para quem acompanhou o "casamento" entre o actual Presidente e o anterior Primeiro-Ministro, o azedume vindo agora a lume não faz sentido e só pode indiciar que Cavaco Silva se prepara para fazer política dura, ele que se se diz pouco talhado para a política. Aguardemos pelos próximos capítulos dos roteiros de Cavaco Silva onde ficaremos a conhecer melhor os contornos desta coabitação com Passos Coelho. E Espera-se que o Volume 7 de Roteiros não tenha prefácio. Para bém de todos nós. por João Espinho no Forte Apache
... neutro
José Sócrates num parágrafo
"O anúncio do “PEC IV” apanhou-me de surpresa. O Primeiro-Ministro não me deu conhecimento prévio do programa, nem me tinha dado conta das medidas de austeridade orçamental que o Governo estava a preparar e da sua imprescindibilidade para atingir as metas do défice público previstas para 2011, 2012 e 2013. Pelo contrário, a informação que me era fornecida referia uma situação muito positiva relativamente à execução orçamental nos primeiros meses do ano. O Primeiro-Ministro não informou previamente o Presidente da República da apresentação do Programa de Estabilidade e Crescimento às instituições comunitárias. Tratou-se de uma falta de lealdade institucional que ficará registada na história da nossa democracia. O Presidente da República, nos termos constitucionais, deve ser informado acerca de assuntos respeitantes à condução da política interna e externa do País."
Cavaco Silva, que assim deixa às próximas gerações a nota de rodapé com que Sócrates será lembrado nos livros de História de Portugal. por Paulo Pinto Mascarenhas no abc do PPM