terça-feira, 4 de setembro de 2012

Os 60 mil que não queriam trabalhar

Os números do desemprego estão a aumentar por várias razões. A mais importante é, sem dúvida, o fim da hegemonia da construção civil. Como já não é possível construir mais nada (mais estradas?, mais prédios?, mais heliportos?) e como o pouco dinheiro disponível não deve ser canalizado para PPP, o desemprego vai continuar a aumentar. É triste, mas a alternativa era ainda pior, era o mesmo que brincar com o futuro dos nossos filhos. Ora, depois das causas óbvias, como esta desaceleração da construção, encontramos causas menos óbvias para o aumento do desemprego. Por exemplo, era importante olhar para os 60 mil indivíduos que recusavam procurar emprego apesar de pertencerem a famílias que recebem o rendimento social de inserção (RSI). Pedro Mota Soares, ministro da Segurança Social, fez muito bem em recambiar estes valorosos jovens para os centros de emprego. Num ápice, a nação recebeu assim 60 mil novos desempregados que, ora essa, não estavam para se maçar com essa coisa de procurar trabalho. Repare-se que estes 60 mil indivíduos têm idade e capacidade para trabalhar, mas tinham como modo de vida a recolha do RSI. Estamos a falar de 60 mil pessoas. É um Estádio da Luz cheio de gente que mentia à sociedade, fingindo incapacidades e recusando uma procura activa de emprego. Para estes ditosos cidadãos, o RSI era uma espécie de PPP dos pequeninos. Também tinham direito ao saque, não é verdade? Entretanto, são constantes as queixas de empresas sobre a falta de mão-de-obra em muitos sectores. Outro pormenor sem importância. por Henrique Raposo no Expresso online via Clube das Republicas Mortas