quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Dislike

Alberto João Jardim tem sido, principalmente nos últimos dias, alvo da crítica desabrida da esmagadora maioria dos portugueses. Dado como exemplo de como não se deve governar é apontado a dedo como gastador-mor e um dos grandes responsáveis pelo gigantesco buraco – mais um – nas contas deste desgovernado e ingovernável país.
Independentemente das inúmeras tropelias financeiras que o homem tenha, alegadamente, feito durante a sua já longa governação, não me parece que haja muita gente com moralidade suficiente para o atacar. Isto, claro, no âmbito estritamente da gestão financeira da ilha e do endividamento a que conduziu a região. Quem ataca o governante madeirense que olhe para o todo do país ou, se não se quiser dar a esse trabalho e ficar pelas coisas mais comezinhas, para a sua autarquia. Qualquer uma serve. É só escolher entre os trezentos e oito municípios e mais de quatro mil freguesias. De caminho pense um pouco e, para não criticar apenas comportamento alheios, ponha a mão na consciência e reflicta se nunca exigiu nada ao seu autarca, se não se congratulou com aquele fantástico espectáculo do Carreira, meteu uma cunha para um emprego lá na autarquia ou andou a espalhar “likes” sempre que é anunciada mais uma obra sem a qual os moradores lá da terra passavam muitíssimo bem e que, por mais estranho que possa parecer, desequilibra também ela as contas do Estado.
É fácil criticar, à posteriori, quando estas coisas vem a público. Aí o gajo que autorizou é “um malandro”, ”devia ir preso” e “andou-se a amanhar”. O pior é que muitas vezes fomos nós que exigimos, aplaudimos a sua actuação e, no fim, quando a factura é apresentada, fazemos de conta que não o conhecemos e que não é nada connosco. Por isso é bom que se perceba que o descalabro das contas nacionais, incluindo regiões e autarquias, é culpa de todos. Ou os “likes” nascem de geração espontânea?!