O lugar de governador de um Banco Central é um lugar fundamentalmente técnico e institucional.
Não político. Por isso, um certo exercício recordatório de teses substantivas que se exprimam no exercício dessas relevantes funções é, também, um adequado escrutínio do seu valor, oportunidade e coerência.
Em 16 de Maio de 2008, o então Governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio deu uma entrevista ao Financial Times. Um jornal de excelência, respeitável e respeitado. Uma entrevista, por certo, bem pensada e articulada. Transcrevem-se, em seguida, algumas das suas principais afirmações:
"A divergência (das economias) dentro dos quinze países da união monetária europeia reflecte um normal processo de ajustamento e não constitui um problema para as políticas da zona euro".
"Não acredito que venha a haver uma recessão na Europa".
"Os ciclos económicos têm-se tornado mais sincronizados e as diferenças nas taxas de crescimento foram menos agudas do que entre regiões dos Estados Unidos. Por isso, não são um problema para a zona euro vista como um todo".
"Não devemos enfatizar em excesso a situação das contas públicas dentro de uma união monetária porque há fases de ajustamento e há mecanismos de auto-correcção. Ninguém se preocupa demasiado acerca do défice do Mississípi".
"Tenho a ideia de que os processos de ajustamento não serão tão significativos e dramáticos como algumas pessoas pensam".
...
Estas visionárias e premonitórias declarações valem por si. Depois de um percurso que cada qual julgará quanto à supervisão financeira e de um não despiciendo cacharolete de obséquios governamentais e de rábulas orçamentais, o então incensado Governador deve ter tido, com aquela entrevista ao FT, o definitivo passaporte para Vice-presidente do Banco Central Europeu. Com o pelouro da supervisão.
Assim vai a União Europeia. Assim foi Vítor Constâncio.
Não político. Por isso, um certo exercício recordatório de teses substantivas que se exprimam no exercício dessas relevantes funções é, também, um adequado escrutínio do seu valor, oportunidade e coerência.
Em 16 de Maio de 2008, o então Governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio deu uma entrevista ao Financial Times. Um jornal de excelência, respeitável e respeitado. Uma entrevista, por certo, bem pensada e articulada. Transcrevem-se, em seguida, algumas das suas principais afirmações:
"A divergência (das economias) dentro dos quinze países da união monetária europeia reflecte um normal processo de ajustamento e não constitui um problema para as políticas da zona euro".
"Não acredito que venha a haver uma recessão na Europa".
"Os ciclos económicos têm-se tornado mais sincronizados e as diferenças nas taxas de crescimento foram menos agudas do que entre regiões dos Estados Unidos. Por isso, não são um problema para a zona euro vista como um todo".
"Não devemos enfatizar em excesso a situação das contas públicas dentro de uma união monetária porque há fases de ajustamento e há mecanismos de auto-correcção. Ninguém se preocupa demasiado acerca do défice do Mississípi".
"Tenho a ideia de que os processos de ajustamento não serão tão significativos e dramáticos como algumas pessoas pensam".
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Estas visionárias e premonitórias declarações valem por si. Depois de um percurso que cada qual julgará quanto à supervisão financeira e de um não despiciendo cacharolete de obséquios governamentais e de rábulas orçamentais, o então incensado Governador deve ter tido, com aquela entrevista ao FT, o definitivo passaporte para Vice-presidente do Banco Central Europeu. Com o pelouro da supervisão.
Assim vai a União Europeia. Assim foi Vítor Constâncio.
por António Bagão Félix no Económico