DEI COMIGO há dias a assistir a um programa, destinado ao público feminino, onde se fazia, mais uma vez, a recorrente afirmação de que não há melhor infantário nem escola infantil do que a casa dos avós.
Confesso que acho estranho que, num tempo em que as avós são cada vez mais novas, e cada vez mais activas, não se ergam vozes feministas a contrariar essa peregrina ideia de avó-fada-do-lar.
Parece que ser mulher, com todos os seus direitos, e no pleno gozo das suas capacidades, tem prazo de validade.
Ficar em casa a tratar de marido e filhos — isso nunca.
Ficar em casa a tratar de marido e netos – parece quase um dever.
Claro que não estou a falar destes terríveis tempos de crise que atravessamos, em que é preciso cortar despesas e a casa da avó é mais barata que um infantário. Mas isso é uma solução de recurso, uma emergência.
Mas quem falava naquele programa, não falava de crise.
Falava do melhor para as crianças. Em todos os tempos.
Como se sabe, nem sequer é o melhor para as crianças que, desde pequeninas, precisam de regras, de aprender a viver com os outros, e de entenderem que não são o centro do mundo.
E se não é o melhor paras as crianças, muito menos o é para as avós.
Que, tal como as mães, trabalham.
Que, tal como as mães, contribuem para fazer progredir este país.
Quando se diz que as mães trabalham fora de casa, toda a gente acha normal e louvável, pois claro!, já lá vai o tempo de ser doméstica!
Mas quando uma avó explica que não pode, por muito que os ame de paixão, ficar com os netos em casa, porque sai às 8 da manhã e só volta às oito da noite, ou porque tem um trabalho para entregar, todos olham para ela como se estivessem diante de uma aberração da natureza.
E era aí que eu gostava de ver as feministas saírem em sua defesa. Mas não saem.
Se calhar porque também elas precisam de alguém a quem deixar as crianças.
por Alice Vieira em as madrugadas
LINDO!
Confesso que acho estranho que, num tempo em que as avós são cada vez mais novas, e cada vez mais activas, não se ergam vozes feministas a contrariar essa peregrina ideia de avó-fada-do-lar.
Parece que ser mulher, com todos os seus direitos, e no pleno gozo das suas capacidades, tem prazo de validade.
Ficar em casa a tratar de marido e filhos — isso nunca.
Ficar em casa a tratar de marido e netos – parece quase um dever.
Claro que não estou a falar destes terríveis tempos de crise que atravessamos, em que é preciso cortar despesas e a casa da avó é mais barata que um infantário. Mas isso é uma solução de recurso, uma emergência.
Mas quem falava naquele programa, não falava de crise.
Falava do melhor para as crianças. Em todos os tempos.
Como se sabe, nem sequer é o melhor para as crianças que, desde pequeninas, precisam de regras, de aprender a viver com os outros, e de entenderem que não são o centro do mundo.
E se não é o melhor paras as crianças, muito menos o é para as avós.
Que, tal como as mães, trabalham.
Que, tal como as mães, contribuem para fazer progredir este país.
Quando se diz que as mães trabalham fora de casa, toda a gente acha normal e louvável, pois claro!, já lá vai o tempo de ser doméstica!
Mas quando uma avó explica que não pode, por muito que os ame de paixão, ficar com os netos em casa, porque sai às 8 da manhã e só volta às oito da noite, ou porque tem um trabalho para entregar, todos olham para ela como se estivessem diante de uma aberração da natureza.
E era aí que eu gostava de ver as feministas saírem em sua defesa. Mas não saem.
Se calhar porque também elas precisam de alguém a quem deixar as crianças.
por Alice Vieira em as madrugadas
LINDO!