quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

o avalista


Para não ter que ir a reboque da moção de censura ao governo do Bloco de Esquerda, Passos Coelho fez as mais esdrúxulas declarações políticas que me lembro de ter ouvido a um líder de oposição. Disse ele, segundo o Público (ainda me custa a acreditar que seja verdade): «Se algum dia chegarmos à evidência que o Governo não cumpre aquilo a que se comprometeu, que há uma situação financeira de ruptura em Portugal, que o país está num impasse, num beco sem saída, então nós arranjaremos uma saída».

Daqui retiram-se, pelo menos, as seguintes conclusões:
- Que o governo do PS está a cumprir o que prometeu aos portugueses;
- Que a situação financeira de Portugal não é de ruptura (leiam-se, a propósito,
estas declarações do Governador do Banco de Portugal);
- Que Portugal não está num impasse, logo tem uma orientação política clara e um caminho seguro pela frente;
- Que o «beco» tem saída, obviamente, com o governo do PS que está em funções;
- Que o PSD de Passos Coelho só se prefigura como alternativa de governo ao PS se o país der um estoiro. Na normalidade das coisas, que Passos parece ver no momento actual, o PSD não sabe fazer melhor do que o PS, deixando a este partido a gestão do país.

Passos coloca-se, assim, não na posição de chefe da oposição ao governo em funções, de líder de uma alternativa clara ao actual modelo (?) de governação, mas apenas e só na de avalista do governo do PS e de José Sócrates. É, de resto, o que ele tem feito desde o primeiro segundo em que assumiu responsabilidades no PSD.
escrito por
rui a. no « BLASFÉMIAS