sexta-feira, 6 de novembro de 2009

O BPN e a dança dos números

QUANDO Há UM ANO, o Parlamento decidiu nacionalizar o BPN, faltava-lhe quase toda a informação necessária para fundamentar uma decisão tão radical. Basta recordar que a nacionalização aconteceu “face à iminência de ruptura de pagamentos por parte do BPN” segundo um documento do Banco de Portugal que estimava um custo de € 425 milhões, que pouco depois o governo dizia de € 700 milhões, sendo que entre financiamentos e injecções de liquidez, o Estado já avalizou empréstimos no valor de € 3.000 milhões, equivalentes a um pouco mais de 40 por cento do total das garantias directas dadas a financiamentos contraídos pelo sector bancário.
É por isso inaceitável, que até hoje, os governos socialistas, vigente e cessante, ainda não tenham prestado algumas informações muito básicas, e de entre elas:
– Qual o ponto da situação do processo?
Aquando da nacionalização, o Ministro das Finanças anunciou que a gestão do BPN seria entregue à Caixa Geral de Depósitos, encarregue de “gerir e apresentar um plano de desenvolvimento”. Onde está esse plano?
- Quanto dinheiro é que o Estado, por intermédio da Caixa Geral de Depósitos, já injectou no BPN?
Sublinhe-se que o BPN é 100% propriedade do Estado, tem avales do Estado e quem fixa os juros é a CGD, que tem por accionista o Estado.
- Quanto é que a nacionalização vai custar aos contribuintes. Um ano depois de uma dança de valores que variam entre € 425 milhões e os € 3.000 milhões, o mínimo que se exige é que o governo o saiba e que o diga.
- O que vai ser feito do BPN? Vai ser vendido? Vai ser absorvido? A CGD vai ter de fazer mais aumentos de capitais para manter o BPN?
Enquanto o País ignora quase tudo, os contribuintes vão suportando o prejuízo.
A questão é, até quando? Nuno Melo in Jornal de Lisboa