sexta-feira, 19 de junho de 2009

Manifesto contra o plano de obras públicas do Governo

Um grupo de 30 economistas que elaborou um Manifesto contra o plano de obras públicas do Governo defende que além do TGV, também o novo aeroporto de Lisboa deve ser adiado por três ou quatro anos
«Numa altura de grave crise interna e externa e em que a economia nacional está severamente endividada, considero que vale a pena esperar três ou quatro anos antes que se pense arrancar com o projecto», justifica ao SOL o economista Álvaro Santos Pereira, professor do Universidade Simon Fraser (Vancouver, Canadá).
A ideia do manifesto surgiu há cerca de um mês e meio.
«O principal impulsionador da iniciativa é Alexandre Patrício Gouveia, que conjuntamente com Eduardo Catroga contactou vários economistas», esclarece a mesma fonte, sublinhando o facto de os subscritores serem de «diversas tendências políticas».
O grupo de economistas defende que os grandes investimentos públicos devem ser reavaliados, para que possam ser realizados «estudos de custo-benefício mais detalhados sobre os projectos em questão» e «para que haja um debate alargado sobre esta questão em toda a sociedade portuguesa».
«Esta suspensão é claramente prioritária em relação ao TGV, mas também se justifica em outros mega-projectos», acrescenta Álvaro Santos Pereira, dando o exemplo de algumas auto-estradas projectadas.
«Não se justificam ou, pelo menos, deviam ser adiadas para uma altura em que houvesse maior margem de manobra da política económica e quando o nível de endividamento do país for mais reduzido», acrescenta.
No caso concreto do TGV, o economista da Universidade Simon Fraser, acredita que «é muitíssimo mais prejudicial avançar com um projecto das dimensões do TGV, cuja rentabilidade é duvidosa».
«Todos os estudos encomendados pela própria RAVE indicam que o impacto do TGV só será positivo se incluirmos nos potenciais benefícios valores perfeitamente subjectivos e irrealistas de variáveis como a redução do ruído ou as emissões de CO2», remata.
Entre os subscritores do documento estão também Arlindo Cunha, Augusto Mateus, Daniel Bessa, Henrique Medina Carreira, Henrique Neto, João Duque, João Salgueiro, Luís Campos e Cunha, Manuel Jacinto Nunes, Miguel Beleza, Miguel Cadilhe, Mira Amaral, Rui Moreira, Sarsfield Cabral, Vitor Bento, entre outros. Sol