sexta-feira, 9 de abril de 2010

Dia do Combatente e da maior derrota pós-Alcacer Quibir


Em Portugal é todo o mundo rural que está em guerra.

Na maioria dos casos, o soldado sai, pela primeira vez, da sua terra natal. Aprende a comer de garfo e faca na tropa.

As tropas portuguesas levam três meses de barco e mais três dias de comboio de Brest até à frente na Flandres.

Os participantes na Guerra de 1914-1918 eram o Império Alemão, o Império Áustro-Hungaro, a Turquia e a Bulgária que lutaram contra o Império Britânico, a Rússia, a França, a Itália, os Estados Unidos, Portugal, Bélgica, Holanda, Grécia e Roménia.

Portugal dispõe de duas divisões com tropas de artilharia, infantaria e cavalaria. A segunda divisão do Corpo Expedicionário Português espera ser rendida no dia 9 de Abril. No comando da primeira divisão, está o General Tamagnini, conhecido pelo seu carácter disciplinador e astuto. A primeira divisão (30 mil soldados) ocupa o sector da frente com 11 km. (Em comparação, 80 mil americanos ocupam 14 km de frente).

6 de Abril de 1918. A primeira divisão retira da frente. Fica a quinta divisão (conhecida por segunda divisão reforçada). No comando da quinta divisão, o Brigadeiro Gomes da Costa
substitui o General Simas Machado.
Há nove meses que as tropas estão na frente de combate. Era caso único entre os aliados.
O soldado da trincheira vê pouco: gases químicos lançados pelos alemães e nevoeiro.
O soldado da trincheira ouve muito: o som da metralha, dos morteiros, da artilharia alemã. O revestimento da trincheira é de madeira ou de ferro. A lama da frente agarra-se ao corpo e torna o avanço muito difícil.
O soldado abriga-se em buracos reduzidos, revestidos de chapa com escoras de madeira e sacos cheios de terra. Há numerosos ratos. Dentro do abrigo, o mobiliário é de pinho, um ou dois leitos, instrumentos mínimos de higiene.

8 de Abril de 1918. A situação é de alerta máximo. Aguarda-se a todo o momento um ataque do inimigo alemão. Tinha havido uma carga alemã até perto de Amiens (Operação Michael). Os aliados situam-se perto das ribeiras de La Lol e La Lys na Flandres.
Os alemães alteram o seu dispositivo militar. Colocam quatro divisões com quase 50 mil homens, reforçadas no dia 9 de Abril com mais 30 mil soldados. Os portugueses são só 20 mil.

9 de Abril de 1918. 4h15. Começa o bombardeamento alemão: artilharia contra artilharia. Salvas de artilharia de dez em dez minutos. Depois salvas permanentes a partir das 5h15. Das 5 às 8 horas o fogo é contínuo. Segue-se o assalto das tropas alemãs a partir das 8h15. O marechal Douglas Henke, comandante-chefe dos exércitos britânicos considera os soldados portugueses "bravos e úteis". Mas as tropas portuguesas sofrem pesadas baixas. Os alemães não tinham a certeza do sucesso militar. Escolhem o sector português, porque, com a derrota dos portugueses, os ingleses retiravam para os flancos. Logo, os alemães avançariam na frente. O objectivo dos alemães é empurrar os ingleses até ao Canal da Mancha. Do lado alemão, comandam o General Ludendorf e o Marechal Hindenburg.

9 de Abril. Final da noite. Os alemães capturam seis mil portugueses da segunda divisão e quase 100 peças de artilharia. A Brigada do Minho é dizimada. Mas conseguiu resistir juntamente com as restantes tropas portuguesas durante 24 horas. As tropas alemãs avançam. Mas não cumprem totalmente o objectivo: avançar para além das ribeiras de La Lol e La Lys. A trincheira transforma a guerra num impasse de posições. Os Alemães vencem em La Lys.

9 a 27 de Abril. Segunda ofensiva, mas com perdas crescentes para o lado alemão que ainda tentam o assalto a Paris (operação Valquíria).
Detidos pelo General Pétain, são mais tarde vencidos pelo contra-ataque aliado. in História da Batalha de La Lys

O dia 9 de Abril comemora simultaneamente o dia do Combatente Português e a Batalha de La Lys, o maior desastre das Forças Armadas Portuguesas pós Alcacer Quibir.