quarta-feira, 7 de abril de 2010

Criticar a Igreja, desculpar o Islão


Eis a receita do politicamente correcto:
criticar a Igreja e, ao mesmo tempo, desculpar o Islão. É uma receita que garante palmas e prémios.
I. O ruído em redor da pedofilia na Igreja continua. A Igreja é, de facto, um alvo fácil para uma sociedade, a europeia, onde o ateísmo mais acéfalo é o apogeu da coolness. Bater na Igreja fica sempre bem: é a regra número um das Paulas Bobones do politicamente correcto. Sei do que falo. Já segui à risca essa regra.
II. Mas, na maioria dos casos, este ateísmo cool não passa de uma simples gripe anti-católica. Os ateus de serviço criticam sempre os católicos, mas nunca criticam o Islão radical, nunca criticam as comunidades muçulmanas que vivem na Europa. Por essa Europa fora, os pais e irmãos muçulmanos matam as filhas e as irmãs, porque estas, coitadas, cometem o pecado que é namorar com um "europeu". E o barulho mediático que se faz em redor destes crimes de honra é quase nulo. Os mesmos que ganham a vida a criticar o Papa nada dizem sobre
notícias deste tipo.
III. Sim, a Igreja deve ser criticada. Sim, alguns membros da Igreja devem ser julgados (aqui na cidade dos homens, onde há crime e não apenas pecado). Mas a Igreja não pode pagar pelos pecados do Islão radical. Esta dualidade de critérios da "agenda" mediática (criticar sem piedade a Igreja; silêncio acrítico sobre o Islão) é uma doença séria, que deve ser atacada.
Neste sentido, recomenda-se a leitura de "Identidade e Violência", do grande Amartya Sen. por Henrique Raposo no Expresso