terça-feira, 20 de março de 2007

Extrema-Direita está a aumentar a pressão


PSP age na universidade para evitar confrontos
A Extrema-Direita está a aumentar a pressão propagandística na Faculdade de Letras de Lisboa
Há cerca de duas semanas que a tensão tem vindo a crescer entre os membros do Partido Nacional Renovador (PNR) e os da União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP) que frequentam a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, na Cidade Universitária. Uma tensão que paira no ar e que até à tarde de quinta-feira apenas se traduzira numa troca de palavras mais acesa e nas mensagens inscritas nas paredes junto ao bar da Associação de Estudante. "A chama queima e o comunismo mata" e "100 milhões de mortes! Obrigado, comunas!" são apenas duas dessas frases.
Na tarde de quinta-feira, porém, tudo mudou. Na véspera, a URAP tinha convocado os alunos para a pintura de um mural alusivo ao 25 de Abril de 1974. Assim que a informação começou a circular, soaram ameaças por parte dos elementos do PNR e o Conselho Directivo da faculdade decidiu proibir a pintura do mural. "Vimos a situação como potencialmente perigosa", explicou, ao JN, Álvaro Pina, presidente daquele órgão, justificando o porquê da medida.
Mas nem a proibição evitou que os dois grupos ficassem frente-a-frente, junto ao pavilhão novo, onde o mural ainda começou a ser pintado. O que obrigou ao reforço dos meios policiais. Não chegou a haver confrontos, mas gritaram-se alguns insultos e houve quem fizesse a saudação nazi.
A PSP identificou alguns elementos afectos ao PNR e acompanhou-os até à estação de Metro mais próxima. "Felizmente, estas situações não têm afectado o bom funcionamento da faculdade", sublinhou Álvaro Pina.
A maioria dos alunos não se terá apercebido da situação, mas todos conhecem a tensão que existe entre os dois grupos rivais. "Nós vemo-los na faculdade, mas eles sempre respeitaram quem não pertence a nenhum dos grupos. Por isso, fiquei muito surpreendido quando me contaram o que se passou", afirmou, ao JN, Bruno Silva, um estudante de 25 anos.Vanessa Costa, 24 anos, é mais crítica "Os jovens são rebeldes por natureza. Cada um tem a sua ideologia, mas a partir do momento em que se viola a liberdade individual de cada um já é outra história".
Há duas semanas, apareceram pintados no acesso ao bar da Associação de Estudantes (AE) um conjunto de símbolos fascistas. Dois dias depois, alguém pintou por cima sinais de proibição. A AE reconhece o problema, mas diz que pouco pode fazer. "Oficialmente, não nos foi apresentada qualquer queixa. Sabemos, por conversas de corredor, que já têm existido alguns confrontos, mas não podemos acusar ninguém", disse, ao JN, António Baptista, dirigente da AE, prometendo "Vamos estar atentos!"
A mesma promessa faz o Conselho Directivo. "Não hesitaremos em pedir reforço policial se houver necessidade", garante Álvaro Pina. A PSP, por sua vez, mantém o nível de vigilância sobre os vários elementos que poderão vir a entrar em confronto, e a atenção está virada para a Extrema-Direita quer para elementos de Extrema-Esquerda.
JN Segunda-feira, 19 de Março de 2007 José António Domingues e Fátima Mariano