O Estado Novo e a influência de António Oliveira Salazar na história de Portugal são temas que constam dos programas curriculares desde o 1º ao 12 º ano, mas o ensino dessa matéria é gradual e nem sempre estruturada. Se no primeiro ciclo não há uma alusão clara ao ditador, no fim do secundário os professores já recebem a indicação de que essa matéria deverá ser aprofundada porque "geralmente sai nos exames nacionais", explicou ao JN António Anes do Sindicato de Professores da Grande Lisboa.No 9º ano também é suposto os alunos aprenderem quem foi "o presidente do Conselho, antes ministro das Finanças e mestre da teoria do Fascismo", assim como a acção da PIDE e a existência do Tarrafal, referiu outra docente ao JN. O problema é que o currículo dessa parte da história é apenas desenvolvido no 3º ciclo, mas só no fim do programa. A consequência é que muitos docentes, "se não a maioria", "só conseguem chegar à implantação do Estado Novo". Principalmente, acusa António Anes, depois de o tempo da disciplina ter sido reduzido de três para duas aulas e os programas se terem mantido inalteráveis.
Aprender a História
A excepção é o programa de "História A" (área de "Humanidades"), em que os docentes dedicam quase 20 aulas para o ensino das opções totalitárias e do Estado Novo. Em causa está o desenvolvimento das crises, embates ideológicos e mutações culturais na primeira metade do século XX. Já o currículo para os estudantes de económicas ("História B") não é tão pormenorizado - a referência a Salazar é feita pela análise à situação económica do país durante o Estado Novo, explicou António Anes. Quanto aos curriculos para o primeiro ciclo, não fazem uma alusão clara a Salazar ,mas é suposto os professores fazerem referências aos episódios e figuras mais relevantes da história nacional. O programa do 6º ano prevê que sejam leccionadas cinco aulas sobre o golpe militar de 28 de Maio, Salazar e o Estado Novo, a oposição ao regime e a guerra colonial.O ex-presidente do Conselho é leccionado pela sua acção no saneamento financeiro e pela sua política de obras públicas. Os professores são aconselhados a sublinhar como características da ditadura salazarista a ausência de liberdades de expressão e de reunião, a censura, a acção da polícia política, a repressão ao movimento sindical e a existência de um partido único. JN Terça-feira, 27 de Março de 2007Alexandra Inácio