sexta-feira, 6 de julho de 2007

A “superioridade” moral do PS


PS acusado de pactuar com deriva autoritária
Alberto Martins, líder parlamentar socialista, revelou dificuldades em defender-se das sucessivas acusações de toda a Oposição, ontem no Parlamento, a propósito de nomeações e exonerações na Administração Pública. Todos os partidos usaram da palavra para denunciarem a existência de uma "deriva autoritária" por parte do Governo com a "conivência" do PS, em particular, do grupo parlamentar.
"O PS não recebe lições de democracia de ninguém" - foi esta a frase que marcou o tom da resposta de Alberto Martins.
E quando Nuno Melo, do CDS-PP, lembrou as vozes socialistas que já se manifestaram contra a actuação do Governo, como Mário Soares, Jorge Coelho e Manuel Alegre, este deputado pediu a palavra para sublinhar que "o PS é fiel à sua História com divergências no interior de si mesmo". Lembrou que as primeiras críticas quanto a nomeações e exonerações na área da Saúde "partiram de socialistas". Nem todos os parlamentares terão entendido esta intervenção como uma "ajuda" a Alberto Martins porque as palmas socialistas foram escassas.
Num discurso com dados comparativos entre a declaração de princípios do PS e a prática do Governo, Nuno Melo, do CDS, foi o primeiro a acusar Sócrates de "deriva autoritária" para concluir com um pedido aos socialistas "Ponham a mão na consciência e recordem os seus princípios". Seguiu-se Zita Seabra, do PSD, a garantir que "vive-se hoje, com a conivência tácita do primeiro-ministro, um clima de asfixia e intolerância democrática".Para Bernardino Soares, do PCP, "há uma atitude de assalto do aparelho de Estado e à tentativa da sua subordinação aos critérios partidários". João Semedo, do BE, disse que "para o PS, governar é nomear, nomear é escolher, escolher é procurar nos ficheiros das federações".
Ao inviabilizar a audição do ministro Correia de Campos para explicar aos deputados as opções tomadas no centros de Saúde de Vieira do Minho e de Braga e no Hospital de S. João, a direcção do grupo parlamentar provocou a "indignação" da Oposição e contestação interna em linhas divergentes.
Ontem, na reunião do grupo parlamentar o deputado Ricardo Gonçalves, de Braga, que, na quarta-feira, na comissão parlamentar de Saúde se excedera, voltou a exaltar-se na defesa das opções tomadas, enquanto outros apelaram à moderação no seguidismo relativamente ao Governo. JN Sexta-feira, 6 de Julho de 2007Ana Paula Correia