quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

A realidade nacional


Este texto de Moisés Espirito Santo merece ser difundido, pois reflecte bem o povo que somos e está adequado ao periodo pós eleitoral.

Dinheiros públicos (e miséria privada)
A grande massa dos portugueses, que vota nos governantes esbanjadores e apoia obras públicas caras e ostentatórias, não tem, no quotidiano, a noção reflectida donde procedem os «dinheiros públicos». Essa massa de ignorantes não pensa nisso; fica-se com a ideia de um cofre inesgotável, dum banco anónimo, dum tesouro mágico. É como se fossem dinheiros alheios ou de «ninguém» que se podem esbanjar e que não carecem de controle popular (nem de prestação de contas).
Será necessário dizer, incessantemente, que os «dinheiros públicos» provêm exclusivamente dos impostos, das licenças, matrículas, multas e outras cobranças, ou extorsões, aos cidadãos. Não são um tesouro mágico. São como a tesouraria duma colectividade. Se os dinheiros partem em auto-estradas, TGVs, aeroportos, submarinos, automóveis de serviço, jantaradas oficiais, compra de bancos falidos, estádios, piscinas, polidesportivos, rotundas e arranjos urbanos para-saloio-ver (isto é, para o currículo dos políticos), e em pensões milionárias (duplicadas e triplicadas) dos gestores públicos e dos políticos, vai faltar dinheiro para os salários, os incentivos ao trabalho e à produção, para os subsídios de desemprego, a saúde, a educação, as pensões, a assistência aos pobres e os abonos de família. Tão verdade como eu estar aqui.
Esta ignorância, irreflexão ou distracção alimenta a corrupção e a fraude.

«Dinheiros públicos» são como dinheiros de «ninguém», como os caminhos de que cada um se pode servir desde que tenha acesso a eles. Podem ser vistos como «dinheiros do Estado». Ora, como a grande massa de gente confunde o Estado com o Governo, e como o Governo se pode assemelhar a uma camarilha de malfeitores, «ladrão que rouba a ladrão tem cem anos de perdão». Fraudar até pode ser uma garantia de reeleição democrática («Ele rouba mas faz», «É esperto...»). Esta tolerância popular com a corrupção e a fraude aumentou com a democracia. Constituiu um traço do parasitismo, uma forte componente da mentalidade portuguesa. lido e recortado do Força Emergente mais aqui