quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Editorial do Público: O caso das suspeitas de Belém não acabou ontem

este é mesmo um texto para mais tarde recordar...se o mais tarde de liberdade ainda existir.
Uma vez que este editorial – sobre o afastamento de Fernando Lima da chefia do gabinete de assessoria para a comunicação social do Palácio de Belém – será lido com mil lupas e, se se mantiver o registo dos últimos dias, facilmente treslido, comecemos por relembrar os factos essenciais.Primeiro facto: há 17 meses um editor do PÚBLICO enviou uma mensagem a um jornalista pedindo-lhe para apurar um conjunto de factos. Esse jornalista não apurou nenhum elemento que fosse susceptível de ser noticiado, e nada foi noticiado. Dados fornecidos por uma só fonte que se quer manter anónima não são notícia no PÚBLICO.Segundo facto: a 18 de Agosto o PÚBLICO editou uma notícia, baseada numa fonte identificada como “membro da Casa Civil do Presidente da República” em que esta assumia que esta se interrogava: “Será que em Belém passámos à condição de vigiados?” Uma tal suspeição, assumida por uma fonte do Palácio de Belém, é notícia em qualquer parte do mundo. No dia seguinte essa notícia não só não foi desmentida, como foi confirmada por outros órgãos de informação. Escrevi então em editorial: “Se a Presidência da República quis que se soubesse das suas suspeitas sobre o não cumprimento das regras do jogo por alguns actores políticos é porque sente que pode ficar no olho da tempestade depois das eleições de 27 de Setembro”.Terceiro facto: quase um mês depois desta notícia, parte do conteúdo de uma troca de mensagens entre a direcção editorial do PÚBLICO, um editor e um jornalista, trocadas exclusivamente no interior do jornal, é entregue a um jornalista da secção política do Expresso. Essa entrega, feita em papel, não foi realizada por ninguém do PÚBLICO, como já explicou o director daquele semanário. O mesmo material terá sido poucas horas depois encaminhado para o Diário de Notícias, uma vez que o Expresso informou a sua fonte que primeiro teria de investigar o significado dessas mensagens. Já o Diário de Notícias optou por revelar correspondência privada com o objectivo de expor a fonte da notícia de 18 de Agosto. Não se sabe como esse conjunto de mensagens saiu para fora do PÚBLICO nem o DN esclareceu como as recebeu. Estes são os factos essenciais. Sobre o comportamento dos vários órgãos de informação envolvidos já muito foi escrito. É matéria de opinião que envolve directamente o PÚBLICO sobre a qual não nos pronunciaremos nem hoje, nem aqui. Relevante é analisar os factos políticos, não os factos mediáticos.A primeira questão que se coloca é a de saber se o afastamento de Fernando Lima corresponde ao assumir pela Presidência da República de que as notícias sobre as suas suspeitas de estar a ser vigiada eram falsas ou, então, exageradas. As declarações feitas ainda em Agosto pelo Presidente, assim como o que disse na sexta-feira passada, já depois das notícias sobre Fernando Lima, não permitem concluir que essas suspeitas não existem. Mais: se o Presidente as quisesse por fim desmentir teria ontem podido fazê-lo ao afastar o seu assessor das suas anteriores responsabilidades. De novo isso não aconteceu. Só aconteceu o que não podia deixar de acontecer: Fernando Lima deixou de ter condições pessoais e políticas para falar aos jornalistas, logo foi afastado das relações com a comunicação social. A segunda questão a discutir, e a mais importante, é o comportamento da Presidência da República. Na verdade, ao permitir que esta questão assumisse a dimensão que assumiu, Cavaco Silva, que já iria estar no olho da tempestade depois das eleições, colocou-se no olho de outra tempestade antes delas. Por isso, das duas, uma: ou a seguir a 27 de Setembro fundamenta as suas suspeitas, e age em conformidade, ou se se limitar a iniciativas pífias terá enfraquecido a sua autoridade como Chefe de Estado, porventura de forma irremediável. Sendo que este processo não se resolve com uma simples queixa à Procuradoria-Geral da República ou o rastreamento do Palácio de Belém para descobrir eventuais aparelhos de escuta. E ninguém perdoará se se perceber que as suspeitas ou não existiam, ou não tinham fundamento, ou eram simplesmente paranóicas.Há porém uma terceira questão que não pode ser esquecida: a forma como este tema “rebentou” num jornal, isto é, as condições em que correspondência interna do PÚBLICO saiu deste jornal e quem a levou a um jornal que não quis fazer investigação própria, ao contrário do Expresso. PS. Este jornal deve um esclarecimento de facto aos seus leitores: ao contrário do que afirmou o Provedor do Leitor, ninguém nesta empresa lhe “vasculhou” a correspondência electrónica. O PÚBLICO continua sim a ser o espaço de liberdade que lhe permitiu fazer as críticas que fez. 22.09.2009 - 01h12 José Manuel Fernandes in PUBLICO.PT
vale a pena juntar os comentários de alguns "leitores":
23.09.2009 - 00h49 - maria Moura, Lisboa
Pensa JMf que somos todos parvos? Começa ele por dizer que não publicou os resultados da averiguação porque foi inconclusiva.Mas, então, porque foi tão pressuroso a publicar a suspeita antes de averiguar se ela tinha, ou não, fundamento? ? E, uma vez que nada foi confirmado, por que razão, então não publicou essa conclusão' Quais são, afinal, os seus critérios jornalísticos? Só publicar o que lhe interessa, como fiel lacaio do seu patrão e do seu partido? Foi portais critérios que eu, antiga leitora diária do Público, há muito deixar de comprar e de ler esse pasquim. Tenha vergonha. Demita-se.
23.09.2009 - 00h04 - PEDIR DESCULPAS, Gaia
Apesar das explicações pouco conseguidas há uma muito importante que JMF se esqueceu, porque que é disse que tinham sido os SERVIÇOS SECRETOS A FAZER AS ESCUTAS NO JORNAL PUBLICO. Ficava-lhe bem como cidadão PEDIR DESCULPAS AOS PORTUGUESES.
22.09.2009 - 20h50 - JD Censurado, porto
O seguinte texto, ja esteve aqui, e foi retirado por censura pelo Público. Foi o JMF que me afastou de leitor diário deste jornal. Mesmo respeitando em absoluto a diversidade de opiniões, e saudando o que dessa atitude ainda se salvou no público, a falta de honestidade intelectual do JMF na direcção da politica editorial do jornal, é demasiado evidente para que me seja indiferente. Deixei de ser leitor. E mesmo enquanto cliente que investe em publicidade no jornal, vou mudar de suporte. Ser consequente é um acto de responsabilidade cívica. Quero ler um jornal, que além de cultivar a liberdade, cultive também a responsabilidade. E estes dois valores, não rimam com FAVORES. Jornalismo sério, não faz FRETES. Se o Público se quer comprometer com um partido ou linha ideológica, que o faça de peito aberto. Essa seriedade, dar-lhe-ia respeito. Agora FAVORES do director, isso nunca. Os meus anúncios vão mudar de casa, e as minhas leituras também. O JMF, que vá substituir o Fernando Lima. O lugar está em aberto, e ele até tem jeito.
22.09.2009 - 19h15 - francisco, Corroios
Toda a gente sabe , que o BELMIRO , depois de perder a tão falada OPA, deu instruções ao J M Fernandes, para fazer este trabalho, mas que diabo , onde está a sua deontologia jornalistica, o bom jornalista , muitas vezes contra a sua vontade , mas tem que informar com independencia, e não é por não gostar de certa pessoa , que vai abusar do instrumento que dispôe. Mas o Belmiro vai resolver o problema , vai buscar a M M Guedes, para a quele lugar , o JMF , vai para caixa de um supermercado SONAE...
22.09.2009 - 19h09 - Anónimo, Lisboa, Portugal, Cotenente
Exº JMF, voce nao consegue perceber que tudo isto e um "equivoco"? Ate esse jornal, se tornou um "equivoco" com uma mudança do tipo de noticias apos uma certa OPA... Ou sera que sou eu que estou equivocado? Melhores dias virao e, espero eu, um melhor jornal tambem com tudo o que isso implica...
ler O sufoco democrático in Instante Fatal