sábado, 20 de março de 2010

um «escândalo para saúde da República»

O candidato a Presidente da República considerou, esta sexta-feira, «um escândalo para a saúde da República» os prémios dos gestores públicos, enquanto o Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) impõe o congelamento dos salários na função pública.
«Não me parece que haja neste PEC um suficiente esforço de partilha», disse Manuel Alegre, em Bragança, num jantar com apoiantes em que comentou o PEC apresentado pelo Governo. Para o histórico socialista, «o esforço de contenção que é pedido pelo PEC é desigualmente distribuído».
Manuel Alegre criticou também a prevista privatização de serviços públicos, «ainda por cima rentáveis», com a qual entende «não se está a pretender uma melhoria da sua gestão e uma resposta ao interesse público, mas apenas querer obter rapidamente uma receita extraordinária». «Também me parece que um país como o nosso não pode prescindir de uma transportadora aérea nacional que garanta a ligação com o Brasil, Estados Unidos da América e os países lusófonos de África», disse.
O candidato a Presidente da República defende que o que Portugal precisa «não é do código de conduta das medidas orçamentais impostas pelo Banco Central Europeu, mas de uma austeridade republicana exemplar, a partir de cima», desde «os titulares dos órgãos de soberania aos administradores de empresas públicas».
Alegre considerou ainda ser necessário «repensar os critérios monetaristas que estão a contaminar a Europa» e criticou a falta de controlo do dinheiro que a União Europeia incentivou os Estados-membros a introduzirem nos bancos. «Nenhum constrangimento vindo de fora pode pôr em causa serviços públicos essenciais ao povo português como a Segurança Social, a escola pública e o Serviço Nacional de Saúde», afirmou.
Manuel Alegre frisou ainda que não renegará os seus valores para condicionar apoios à sua candidatura.
O candidato disse ainda o que pensa ser a função presidencial. «O papel de um Presidente da República não é de gerir silêncios nem de dizer apenas o que lhe convém quando lhe convém. A magistratura de influência do Presidente da República implica a utilização da pedagogia da palavra como um instrumento ao serviço do país», declarou. «Falar mas nada dizendo, pronunciar-se mas nada propondo ou intervir mas nada acrescentando é um exercício vazio ou nulo de propósito», acrescentou.