A satisfação dos portugueses com a democracia bateu no fundo. Eles que são tendencialmente de esquerda e não gostam de maiorias absolutas de um só partido. Têm reservas ao monopólio dos partidos e gostariam de participar mais. Em menos de 40 palavras é o que se pode concluir do estudo "Representação política - O caso português em perspectiva comparada", organizado pelos politólogos André Freire e José Manuel Leite Viegas, do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do ISCTE.
André Freire confessa que não ficou surpreendido com os resultados: "Por exemplo, que o eleitorado é alinhado à esquerda". No capítulo da ideologia e representação política, algumas conclusões interessantes: PS e CDS têm níveis de congruência elevados entre eleitos e eleitores. Ou seja, o posicionamento dos eleitores coincide com o do partido, embora ligeiramente mais à direita do que os seus deputados. As maiores diferenças são no PSD. Os deputados "laranja" estão mais à esquerda do que o seu eleitorado. E quem vota CDU ou Bloco posiciona-se mais à direita do que os seus representantes no Parlamento.Mas há algo que é incontornável: os portugueses estão muito insatisfeitos com a democracia. "Não se sentem bem representados e esse sentimento tem vindo a aumentar." Desde 1985, a satisfação regista o seu nível mais baixo em 2008. Mas os eleitores não colocam em causa a legitimidade democrática dos eleitos. Ou seja, os portugueses são democratas insatisfeitos, mas democratas, apesar de tudo. Ainda assim gostariam de participar mais, apesar do papel preponderante dos partidos no sistema político. artigo completo no Público