Desde que, durante este governo, as televisões se adaptaram mais à agenda do Primeiro-ministro, as técnicas de adormecimento mediático em Portugal se tornaram mais subtis e eficazes. O objectivo passa, tal como em Itália, por atingir um ponto de saturação tal junto dos espectadores, que estes explodem sempre da mesma maneira: "nestas eleições não vou votar"...!!!
1 medida anunciada pelo Governo = 3 dias de notícias.
Assim que se aproxima o 33º Congresso do PSD, todas as televisões correm a entrevistar o presidente do partido, que, a passos de coelho, lá vai soltando umas palavras comedidas de oposição às políticas do actual governo. Um congresso de 3 dias, um pouco para reforçar o n.º do congresso: o 33.º . Um desfile de "3"'s, talvez em honra do Papa que está para vir, já que 33 é o número de Cristo. Não importa que a localidade onde se realiza tenha um gigantesco esgoto a céu aberto na maior praia da freguesia - Carcavelos - há mais de 20 anos, e que esta freguesia e que o concelho de Cascais sejam do mesmo partido do congressista. Isso são pormenores de "fregueses"...
1 congresso partidário = 1 semana de notícias.
Claro que alguns congressos, triunfam de vontade mais do que outros, mas na verdade, PS e PSD habituaram-nos nos últimos 15 anos a congressos e "estados da nação" de dimensão nacional. Discursos inflamados, gentes congregadas com um objectivo comum, em suma, um quadro bonito de se ver. Depois as declarações formais às televisões e aos jornais, o desfile de viaturas diplomáticas no exterior, os flashes dos jornalistas. Finalmente chega o dia das eleições, são eleitos e... nada. Tudo fica rigorosamente na mesma. Portugal em queda, os ricos mais ricos, os pobres mais pobres, os fundos europeus cada vez mais magros. Sem fundos, as empresas fecham, pois o perfil da empresa portuguesa não é a de criar riqueza, mas a de distribuir e "derreter" fundos estruturais... Ficou-nos este estigma do monarca que lança moedas de ouro ao povo miserável que, assim, vive o duro contraste entre o poder e o não-poder.Talvez por isto, todos os congressos sejam tão parecidos e todos os discursos que neles se fazem contêm as mesmas palavras repetidas vezes sem conta, como martelinhos a baterem sem parar nos nossos cérebros. Técnica muito conhecida da CIA, esta da lavagem cerebral pelo ritmo da repetição ad aeternum... Congresso por congresso, lembro-me deste, que marcou para sempre a história do nacionalismo (socialista) na Europa e no Mundo:
http://www.youtube.com/watch?v=afXnFiNF2iQ&feature=related
Depois vem o Papa alemão, pisar o mesmo solo. E o povo volta a adormecer...
Depois vem o Papa alemão, pisar o mesmo solo. E o povo volta a adormecer...
1 Papa em solo Nacional = 1 mês de notícias.
E finalmente as Presidenciais, marcadas estrategicamente para o final do ano.1 eleições presidenciais = 1 ano de notícias.Entre estas notícias e os teatrinhos de problemas comezinhos das novelas portuguesas, o povo tem a liberdade de escolher. Talvez por isto, deixou de poder optar sobre o seu futuro, resignando-se às escolhas que os políticos fazem "por ele", e sempre "contra ele". Decorridos 100 anos de República, os 36 anos em que vivemos a "liberdade" acabaram-se. Eis que mergulhamos novamente na escuridão, na miséria, na pobreza de espírito, na corrupção, na sociedade separada entre ricos-políticos-todo-poderosos e povo-pobre-miserável.Obrigado, Afonso, por te teres zangado com a tua mãe. Ao menos deixas-te-nos acreditar que o sonho português de liberdade seria um dia possível...posto por Pedro Duarte no Força Emergente