segunda-feira, 6 de outubro de 2008

"Não escondo que vivemos tempos difíceis"


O Presidente da República traçou ontem um quadro negro da actual situação económica e social portuguesa. Subida das taxas de juro, desemprego, reformas baixas, pobreza, desigualdade social, fraco crescimento económico - este é o País visto por Cavaco Silva, que ontem repetiu: "Não escondo que vivemos tempos difíceis."
O chefe do Estado falava no tradicional discurso do 5 de Outubro, na Praça do Município, em Lisboa, na presença do primeiro-ministro, José Sócrates. Foi a terceira mensagem do actual Presidente nesta data. E se Cavaco tem escolhido o 5 de Outubro para proferir algumas das suas intervenções mais contundentes, esta foi seguramente a mais crítica para a governação socialista. Há dois anos, Cavaco dedicou o discurso à corrupção, em 2007 pediu um "novo olhar" sobre a escola - em ambas as situações deixou críticas e elogios. Agora, a um ano de eleições, opta por uma análise mais global da situação do País. E as conclusões estão muito longe do discurso do Executivo de José Sócrates sobre a actual situação portuguesa.
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Para Belém , a realidade evidente é esta - "Muitas famílias têm dificuldade em pagar os empréstimos que contraíram para comprar as suas casas"; "Há idosos para quem a reforma mal chega para as despesas essenciais"; "Há jovens que buscam ansiosamente o primeiro emprego"; "Há homens e mulheres que perderam os postos de trabalho"; "Nascem novas formas de pobreza e exclusão social e emergem chocantes disparidades de rendimentos".
O diagnóstico não ficou por aqui. Das questões sociais passou às económicas e o quadro não foi melhor. "Portugal tem registado fracos índices de crescimento económico. Afastámo-nos dos níveis de prosperidade e bem estar dos nossos parceiros europeus. Ainda não invertemos a insustentável tendência do endividamento externo", afirmou o Presidente. Mais: "Persistem profundas disparidades entre as diferentes regiões.
DN Segunda, 6 de Outubro de 2008

Galp cai 17,8 por cento e EDP 14,4 por cento
Lisboa cai mais de oito por cento e liderava mais um dia negro para bolsas europeias
A quase uma hora do fecho da sessão, a Bolsa de Lisboa tomava a dianteira na Europa e afundava 8,54 por cento (PSI20), penalizada pelos seus principais títulos. Galp, EDP, e BPI desciam entre 12 e quase 18 por cento, contagiados pelo desempenho das congéneres europeias.O pânico parece ter-se instalado entre os investidores, que pressionavam o título da petrolífera para uns reduzidos 8,93 euros, fruto de uma descida de 17,8 por cento. A eléctrica baixava 14,4 por cento, para 2,31 euros, o BPI diminuía 12,4 por cento, para 1,84 euros e o BES quase dez por cento, para 7,95 euros.
Para completar o trio das acções do sector da banca, o BCP acompanhava a tendência geral e recuava 8,2 por cento, para quase um euro (1,04 euros), demonstrando que o enfoque do movimento vendedor se concentra na área financeira, na Galp e na EDP.
O comportamento da bolsa portuguesa excede o desempenho do resto da Europa, onde as quedas aproximavam-se dos sete por cento e evidenciavam grande volatilidade.
Publico 06.10.2008 - 15h49 Eduardo Melo

depósitos garantidos “aconteça o que acontecer”
O ministro das Finanças anunciou esta tarde que “aconteça o que acontecer as poupanças dos portugueses em qualquer banco que opera em Portugal estão garantidas”. Teixeira dos Santos, que falava no Luxemburgo à margem do Eurogrupo, escusou-se a esclarecer se esta é uma garantia de depósitos ilimitada. Actualmente o Fundo de Garantia de Depósitos garante até um máximo de 25 mil euros de depósitos, em caso de falência e de incumprimento de uma instituição bancária.
Vários países europeus têm, nos últimos dias, alargado para cem por cento a garantia de depósitos. Depois da Irlanda, na semana passada, no fim-de-semana foi a vez da Alemanha dar semelhante passo.
Publico 06.10.2008 - 16h12 Isabel Arriaga e Cunha, no Luxemburgo